A carta inédita que Sá Carneiro enviou a Mário Soares em 1972

Os próximos dois volumes da colecção Obras de Mário Soares, editado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda e coordenado por José Manuel dos Santos, incluirá a edição francesa e portuguesa de Portugal Amordaçado e cartas inéditas sobre o livro. Aqui se transcreve uma delas, do fundador do PPD-PSD.

Foto
A carta escrita por Francisco Sá Carneiro em 1972, fotografada este domingo pelo PÚBLICO na Fundação Mário Soares Nuno Ferreira Santos

Porto, 20-6-72

Meu Prezado colega:

Estava a meio do seu livro [edição francesa de Portugal Amordaçado, editado em 1972] quando tive a grata surpresa de receber, enviado pela casa editora, o exemplar que teve a amabilidade de me enviar, com a muito simpática dedicatória; agradeço-lhas sinceramente.

Apreciei muitíssimo o seu livro, testemunho lúcido e franco sobre a nossa situação inalterada; só fiquei com pena de não ter lido aquilo que, segundo se diz, teve de ser suprimido dado tratar-se de edição francesa. Foram novidades, tristes novidades, muitos dos factos narrados no seu corajoso livro, o que veio avivar-me a consciência da situação de alheamento e falta de informação em que somos forçados a viver.

Tenho pena que nunca nos tivéssemos encontrado, mas espero ter oportunidade de lhe apresentar pessoalmente os agradecimentos que aqui lhe renovo.

Creia-me com cumprimentos cordiais e sinceros

Francisco Sá Carneiro

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Porto, 20-6-72

Meu Prezado colega:

Estava a meio do seu livro [edição francesa de Portugal Amordaçado, editado em 1972] quando tive a grata surpresa de receber, enviado pela casa editora, o exemplar que teve a amabilidade de me enviar, com a muito simpática dedicatória; agradeço-lhas sinceramente.

Apreciei muitíssimo o seu livro, testemunho lúcido e franco sobre a nossa situação inalterada; só fiquei com pena de não ter lido aquilo que, segundo se diz, teve de ser suprimido dado tratar-se de edição francesa. Foram novidades, tristes novidades, muitos dos factos narrados no seu corajoso livro, o que veio avivar-me a consciência da situação de alheamento e falta de informação em que somos forçados a viver.

Tenho pena que nunca nos tivéssemos encontrado, mas espero ter oportunidade de lhe apresentar pessoalmente os agradecimentos que aqui lhe renovo.

Creia-me com cumprimentos cordiais e sinceros

Francisco Sá Carneiro