Hulk, o ídolo, completou o círculo com o título no Brasileirão

Avançado foi uma contratação certeira e preponderante na conquista do Atlético Mineiro. Aos 35 anos, é o melhor marcador do campeonato.

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Uma viagem de ida e volta. Foi algo parecido com isto que Hulk completou nesta quinta-feira, ao sagrar-se campeão do Brasil com a camisola do Atlético Mineiro. Aos 35 anos, o poderoso avançado que em Portugal deixou marca ao serviço do FC Porto, foi figura de proa numa conquista que não se via há meio século. E com honras de ídolo.

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Uma viagem de ida e volta. Foi algo parecido com isto que Hulk completou nesta quinta-feira, ao sagrar-se campeão do Brasil com a camisola do Atlético Mineiro. Aos 35 anos, o poderoso avançado que em Portugal deixou marca ao serviço do FC Porto, foi figura de proa numa conquista que não se via há meio século. E com honras de ídolo.

No final de Janeiro deste ano, Givanildo Vieira de Sousa foi confirmado como reforço do Atlético. Não seria o único - ao internacional brasileiro juntar-se-iam o médio argentino Nacho Fernández, o agora também espanhol Diego Costa e o central Nathan Silva, depois de uma série de empréstimos. Eram o espelho de uma aposta forte da direcção do clube para elevar o nível da equipa e competir pelo Brasileirão.

Pelo currículo construído na Europa, entre passagens pelo Porto (99 jogos e 54 golos) e por São Petersburgo (97/56 pelo Zenit), com quatro épocas em cada paragem, a chegada de Hulk foi encarada com esperança. E o facto de ter abdicado do salário milionário que auferia na China para regressar ao país de origem, com um vencimento mais baixo, também foi importante para os adeptos do “Galo”. Tão importante quanto a rapidez com que o avançado se entrosou no clube.

Nos primeiros dias em Belo Horizonte, Hulk fez questão de mostrar que sabia onde estava. “Antes de vestir essa camisa, esse manto, quero lembrar dois grandes ídolos, Reinaldo e Éder. Pegar como exemplo para fazer um grande trabalho e, no futuro, ser ídolo também, conquistando títulos”, exclamou no momento da apresentação oficial. Nove meses depois, reforçou esse laço identitário. No triunfo sobre o Fluminense (2-1), no domingo passado, festejou um dos dois golos que marcou com um gesto carregado de simbolismo: ergueu o punho na direcção da bancada onde se sentava o maior goleador da história do clube, Reinaldo, replicando o festejo dos golos que o notabilizou.

A influência de Hulk na trajectória do Atlético Mineiro (25 vitórias, seis empates e cinco derrotas no campeonato) é inegável e pode ser medida tanto pelos golos (18, que fazem dele o melhor marcador da prova), como pelas assistências (sete). Dados que mostram que, mesmo numa fase já adiantada da carreira, mantém intactos vários dos atributos que o distinguiram, desde a potência muscular à velocidade, até à facilidade e precisão no remate.

Por todas as razões, o nome do avançado que começou a carreira profissional no Vitória (clube da Bahia, onde agora se sagrou campeão, com um triunfo por 2-3), em 2004, foi um dos mais entoados à chegada ao Aeroporto Internacional de Confins, onde a comitiva do Atlético aterrou para iniciar o ritual de celebração que a conduziu até à Praça Sete, no centro de Belo Horizonte, já inundado de adeptos em euforia. 

“Fiz quase toda a carreira no estrangeiro, mais de 16 anos. Poder voltar aqui e poder comemorar um título desta grandeza e desta expressão na história de um clube que estava há 50 anos sem ganhar… Deus é maravilhoso e escreve direito por linhas tortas. Esse grupo é bom de mais, é maravilhoso! Sinto-me um privilegiado por fazer parte dele. Voltei a ser o moleque da base, a querer cada vez mais nos treinos e nos jogos”, desabafou Hulk após a conquista.

Com mais um ano de contrato e a exibir-se a um nível muito alto, o avançado pode ainda acrescentar, nesta época, uma página dourada à brilhante temporada que o Atlético Mineiro está a levar a cabo. Depois do título estadual e do Brasileirão, tem a oportunidade de fechar a época com o triunfo na Taça do Brasil, diante do Athletico Paranaense (jogos a 12 e 16 de Dezembro). Aconteça o que acontecer nessa final, porém, já completou com sucesso o círculo: voltou ao ponto de partida para chegar ao topo.