Nova Deli pára cinco centrais eléctricas e mantém escolas fechadas por causa da poluição

A qualidade do ar na capital da Índia, uma das mais poluídas do mundo, piora sempre que as temperaturas descem.

Foto
As autoridades impuseram mais medidas para impedir que a qualidade do ar piore em Nova Deli depois de críticas do Supremo Tribunal ANUSHREE FADNAVIS/Reuters

A Índia aumentou esforços para combater os altos níveis de poluição do ar na capital, Nova Deli, decretando a suspensão das operações de cinco centrais eléctricas, mantendo as escolas fechadas por tempo indefinido, e suspendendo a construção na capital e cidades vizinhas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Índia aumentou esforços para combater os altos níveis de poluição do ar na capital, Nova Deli, decretando a suspensão das operações de cinco centrais eléctricas, mantendo as escolas fechadas por tempo indefinido, e suspendendo a construção na capital e cidades vizinhas.

Nova Deli é uma das capitais mais poluídas do mundo, e todos os invernos a qualidade do ar diminui quando se juntam as baixas temperaturas que mantêm os poluentes das centrais eléctricas fora das instalações, os gases de veículos e ainda o fumo do lixo queimado no exterior. Em Novembro é ainda a altura em que os agricultores queimam restos de colheitas e lixo antes de começarem de novo a semear.

O índice da qualidade do ar nesta quarta-feira, de 386 numa escala de 500, era sinal de condições “muito más” que podem contribuir para doenças respiratórias se houver exposição prolongada. Mesmo assim, já baixou de um valor de 499 ainda este mês, que mostrava que mesmo pessoas saudáveis estavam em risco.

A ordem de suspender a actividade de cinco centrais a carvão foi de um painel do Ministério do Ambiente, que viu razões convincentes para a decisão, já que é preciso impedir que a qualidade do ar pior ainda mais.

O painel decidiu ainda impedir a circulação de camiões que levem bens não essenciais, suspendeu a actividade de construção na capital e nas cidades vizinhas, e manteve, por tempo indefinido, o encerramento das escolas que o governo da cidade tinha ordenado na semana passada e que deveria ter durado uma semana.

Também disse que metade dos funcionários do governo devem trabalhar em casa até ao final da semana.

As medidas foram tomadas após críticas do Supremo Tribunal, que pediu mais medidas, dizendo que as que estavam em vigor não eram suficientes para travar.

A correspondente da BBC em Deli, Geeta Pandey, diz que isto acontece todos os invernos. “O céu amanhece cinzento, queixamo-nos de narizes entupidos e comichão nos olhos, os hospitais começam a ficar cheios de pessoas com dificuldade em respirar”, descreve, contando como quem pode compra purificadores de ar e como todos verificam os índices em apps nos telemóveis.

Todos os anos, continua Pandey, “o Supremo leva o Governo nacional e os governos federais a tribunal, perguntando o que pretendem fazer para limpar o ar”. Foi o que aconteceu este ano.

Mas as medidas “são como por um penso rápido numa ferida provocada por um tiro, já foram tomadas no passado e não fizeram muita diferença na qualidade do ar a longo prazo”, diz a correspondente da BBC. As medidas drásticas que, dizem vários peritos, fariam diferença, “não são uma prioridade para os líderes do país”.