Os Murais do Salão Nobre: documento do colonialismo ou o colonialismo (ainda hoje) em acção?

Não deve haver pudor ético por parte do regime democrático em afrontar esta “visualidade”, até porque a mesma, pela sua natureza, não é ética. A Assembleia da República não pode continuar a reproduzir a colonialidade.

As imagens não ilustram argumentos, elas são o argumento colonial; não são um documento do colonialismo, mas o colonialismo em acção. Esta é a principal miopia que enferma a discussão sobre as pinturas murais do Salão Nobre da Assembleia da República, um exemplo de como o sublime colonial continua a operar. Porque se estes murais foram feitos para recolocar o império naquele presente de 1944, o facto de ainda hoje ali permanecerem só pode significar que alguém, em 2021, se continua a rever no seu programa pictórico e ideológico. Perante imagens como estas, é imperativo perguntar: qual é o propósito de as mostrar hoje? Quem efectivamente as mostra? E quem ainda lucra em mostrá-las?

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As imagens não ilustram argumentos, elas são o argumento colonial; não são um documento do colonialismo, mas o colonialismo em acção. Esta é a principal miopia que enferma a discussão sobre as pinturas murais do Salão Nobre da Assembleia da República, um exemplo de como o sublime colonial continua a operar. Porque se estes murais foram feitos para recolocar o império naquele presente de 1944, o facto de ainda hoje ali permanecerem só pode significar que alguém, em 2021, se continua a rever no seu programa pictórico e ideológico. Perante imagens como estas, é imperativo perguntar: qual é o propósito de as mostrar hoje? Quem efectivamente as mostra? E quem ainda lucra em mostrá-las?