Universidade da Beira Interior tem projecto para avaliar recursos e riscos geológicos no Atlântico

O trabalho de investigação sobre a dinâmica interna do planeta incidirá nos arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde.

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Costa de uma das ilhas dos Açores Damir Babacic / Unsplash

A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, vai coordenar um projecto de investigação que visa desenvolver a próxima geração de modelos geodinâmicos para a avaliação dos recursos naturais e dos riscos geológicos na zona do Atlântico.

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A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, vai coordenar um projecto de investigação que visa desenvolver a próxima geração de modelos geodinâmicos para a avaliação dos recursos naturais e dos riscos geológicos na zona do Atlântico.

O projecto GEMMA centrar-se-á na zona onde se localizam os arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias (Espanha) e Cabo Verde, especifica a UBI em comunicado desta quarta-feira. Estes conjuntos de ilhas situam-se na região designada por Macaronésia, considerada um excelente laboratório natural para estudar muitos dos processos que controlam a dinâmica interna de todo o planeta.

“Para a construção dos modelos geodinâmicos, iremos utilizar observações geodésicas precisas para monitorar os processos geofísicos lentos, mas inexoráveis, causados pela dinâmica da Terra”, refere Rui Fernandes, docente do Departamento de Informática da UBI e coordenador do projecto, citado no comunicado.

“Quando combinadas com outras ferramentas geofísicas e geológicas, essas observações permitem constranger alguns dos aspectos mais enigmáticos dos processos geodinâmicos que actuam na crosta e no manto superior e que resultam em mudanças topográficas mensuráveis”, acrescenta-se no comunicado.

O objectivo geral do GEMMA, que tem um prazo de execução de 36 meses (entre 2022 e 2024), é optimizar a combinação de observações geodésicas modernas e precisas com os mais recentes dados sísmicos, para testar e refinar os modelos existentes para os processos que actuam na região.

Resultará, assim, em novas soluções geodinâmicas para explicar as forças e processos que actuam na região da Macaronésia. O conhecimento decorrente desta investigação também terá implicações para outras disciplinas, como a gestão de riscos geológicos e recursos, estando a montante de várias aplicações tão diversas como a navegação, engenharia e estudos do nível do mar, refere ainda o comunicado.

“O refinamento dos modelos geodinâmicos existentes para esta área do Atlântico é, portanto, estratégico para Portugal, Espanha e Cabo Verde, que detêm soberania sobre estes arquipélagos, mas também são de interesse global, dado que os processos subjacentes ao vulcanismo das ilhas oceânicas constituem uma das últimas fronteiras na compreensão da dinâmica interna do nosso planeta”, salienta ainda Rui Fernandes.

Da UBI, além de Rui Fernandes, estão envolvidos os investigadores Stephánie Dumont e Machiel Bos. O projecto conta também com a parceria do Instituto Dom Luiz (da Universidade de Lisboa), da Associação RAEGE Açores - Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (A-Raege-Az), da FCiências.ID - Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências e, ainda, do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa.