Presidente de Taiwan alerta para as “consequências catastróficas” de a ilha cair nas mãos da China

Aviso de Tsai Ing-wen surge no mesmo dia em que Pequim levou a cabo nova incursão no espaço aéreo taiwanês, desta vez com 56 aviões militares.

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Tsai Ing-wen diz que Taiwan fará o que for preciso para se defender TYRONE SIU/Reuters

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, alertou para as “consequências catastróficas” para a paz no continente asiático se a ilha cair nas mãos da China e garantiu que tudo fará para defender o território perante a crescente agressividade de Pequim.

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A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, alertou para as “consequências catastróficas” para a paz no continente asiático se a ilha cair nas mãos da China e garantiu que tudo fará para defender o território perante a crescente agressividade de Pequim.

“Se a sua democracia e o seu modo de vida forem ameaçados, Taiwan fará o que for preciso para se defender”, escreveu a líder taiwanesa num ensaio publicado na revista Foreign Affairs esta terça-feira, no mesmo dia em que a China voltou a fazer uma nova incursão no espaço aéreo da ilha, desta vez com 56 aviões militares, que o primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, classificou como uma “grave violação da paz na região”.

No espaço de quatro dias, a China enviou 150 aviões para o espaço aéreo de Taiwan, numa autoproclamada demonstração de força que foi condenada pela comunidade internacional.

No seu artigo, Tsai Ing-wen refere que à medida que outras nações começam a reconhecer a ameaça colocada pelo Partido Comunista chinês, devem igualmente compreender o “valor de trabalhar com Taiwan.”

“E devem lembrar-se que, se Taiwan cair, as consequências serão catastróficas para a paz regional e para o sistema de alianças democráticas. Seria um sinal de que na actual competição global de valores, o autoritarismo está em vantagem sobre a democracia”, escreveu a Presidente taiwanesa, para quem “deixar de defender Taiwan seria catastrófico não só para os taiwaneses, mas também para a segurança e desenvolvimento alcançado ao longo de décadas.”

Tsai reiterou a disponibilidade do Governo de Taipé para negociar com a China, desde que as conversações ocorram num espírito de igualdade e sem pré-condições estabelecidas, algo que Pequim tem repetidamente rejeitado.

“Numa altura em que as intrusões do exército chinês se tornaram quase diárias, a nossa posição quanto às relações entre os dois lados do Estreito permanece constante. Taiwan não se curvará perante a pressão, mas também não se tornará aventureira, mesmo acumulando apoios por parte da comunidade internacional”, escreveu Tsai Ing-wen.

Para a Presidente taiwanesa, que ocupa o cargo desde 2016, Taiwan é uma nação “vibrantemente democrática e ocidental”, mesmo sendo influenciada pela civilização chinesa e moldada pelas tradições asiáticas. 

“Taiwan, em virtude tanto da sua existência como da sua contínua prosperidade, representa ao mesmo tempo uma afronta à narrativa e um obstáculo às ambições regionais do Partido Comunista Chinês”.

Do lado de Pequim, o discurso mantém-se naturalmente inflexível e direccionado para os Estados Unidos. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, afirmou que os EUA “devem aderir estritamente ao princípio de uma só China e tratar as questões relacionadas a Taiwan com cautela.”

“É imprescindível que os Estados Unidos parem de apoiar as forças separatistas que se manifestam a favor da independência de Taiwan e tomem medidas concretas para salvaguardar a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan”, frisou a porta-voz, dizendo que a China tomará todas as medidas necessárias para impedir quaisquer planos com vista à independência de Taiwan.

“A decisão e a vontade da China de defender a soberania nacional e a integridade territorial são inabaláveis”, acrescentou Hua Chunying.

Na segunda-feira, os EUA reafirmaram o seu apoio a Taiwan através de uma declaração da porta-voz da Casa Branca. “O nosso compromisso com Taiwan é sólido como uma rocha e contribui para a manutenção da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan e na região”, disse Jen Psaki, acrescentando: “Temos sido claros, privada e publicamente, quanto à nossa preocupação com a pressão e coerção da República Popular da China em relação a Taiwan e continuaremos a observar a situação de perto.”

Por sua vez, o novo Governo do Japão, liderado por  Fumio Kishida, prometeu ser mais assertivo em relação à crescente agressividade da China sobre Taiwan, sugerindo que Tóquio, embora espere uma solução pacífica para a tensão entre Pequim e Taipé, preparar-se-á para “vários cenários”. 

"Espero que a situação se resolva pacificamente através de conversações directas entre as duas partes”, afirmou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Toshimitsu Motegi, deixando no entanto um aviso: “Adicionalmente, em vez de simplesmente monitorizar a situação, teremos de pesar os vários cenários que podem surgir, de modo a avaliar as nossas opções e os preparativos que devemos fazer.”