O percurso ascendente das adegas cooperativas

Longo e frutuoso caminho fizeram as adegas cooperativas da região dos Vinhos Verdes nos últimos 15 a 20 anos. A qualidade em detrimento da quantidade elevou o patamar dos seus vinhos, tornando-os tão bons como os melhores – como pudemos comprovar neste painel de 12 vinhos em prova.

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Longo vai o tempo em que Vinho Verde de adega cooperativa era sinónimo de garrafão, com acidez muito alta, quase descontrolada, e alguns defeitos bem visíveis. Dizia-se que essa característica era necessária por exigência dos consumidores locais. A melhoria dos cuidados na vinha e na adega – a chegada de pessoas com formação académica ao sector foi determinante – permitiu essa evolução, patente não só pelo aumento de vendas no mercado interno mas, sobretudo, pelo aumento da exportação, quer em vendas globais, quer em valor, quer em número de países de destino. 

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Longo vai o tempo em que Vinho Verde de adega cooperativa era sinónimo de garrafão, com acidez muito alta, quase descontrolada, e alguns defeitos bem visíveis. Dizia-se que essa característica era necessária por exigência dos consumidores locais. A melhoria dos cuidados na vinha e na adega – a chegada de pessoas com formação académica ao sector foi determinante – permitiu essa evolução, patente não só pelo aumento de vendas no mercado interno mas, sobretudo, pelo aumento da exportação, quer em vendas globais, quer em valor, quer em número de países de destino. 

Na documentação consultada só encontrámos valores globais e não dados específicos para o sector cooperativo, no entanto sabemos que este vale cerca de 23% do total, cifrando-se a produção de 2020 em 16,6 milhões de litros (outros operadores com 57,2 milhões de litros) num total de quase 74 milhões de litros para os vinhos DOC produzidos no ano. 

Na Região dos Vinhos Verdes o minifúndio é maioritário, sendo a média de cerca de um hectare por produtor. Na verdade, a maioria tem menos, já que há empresas com dezenas, centenas de hectares de vinha. Ora quem dá aconselhamento técnico a esses pequenos produtores, alguns de idade avançada e com pouca escolaridade, também são as adegas cooperativas, que conseguiram sensibilizar para a questão da qualidade. 

Ao longo dos últimos 20 anos, quase todas as adegas cooperativas evoluíram imenso, adaptando-se a um mundo mais moderno, permitindo transformar o Vinho Verde, de vinho de nicho regional em vinho global. 

Para esta prova, analisámos brancos elaborados com as castas mais tradicionais dos diferentes territórios, numa miscelânea de preços e estruturas que tem em comum a qualidade. Há monovarietais e outros com mistura de castas, há vinhos simples, com ligeiro gás, como o Barcaça do Tâmega ou o Terras de Felgueiras; fresquissímos vinhos de loureiro das adegas do vale do Lima; e os grandes alvarinhos da Adega de Monção, que também é autora do vinho produzido em maior quantidade, o clássico Muralhas de Monção com mais de 3 milhões de garrafas, e de um alvarinho de curtimenta, que se bate lindamente com carnes assadas e outros pratos mais “robustos”.


Este artigo foi publicado no n.º 2 da revista Singular