Energia — As dores da transição

A Galp encerrou a sua refinaria de combustíveis em Matosinhos e parecia encaminhada para convertê-la numa refinaria de lítio, tão desejada pelo Governo. No entanto, a empresa recuou e o ministro do Ambiente prefere agora que ela fique no Marão, junto às possíveis minas de lítio. A transição energética não devia deixar ninguém para trás. Mas centenas de trabalhadores da Galp ficaram no desemprego sem soluções à vista.

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Refinaria da Galp de Leça da Palmeira, Matosinhos, cuja laboração terminou em Dezembro do ano passado Rita França

Não existe uma data definida para a concretização da transição energética. Porém, para Telmo Silva, então supervisor de manutenção da refinaria da Galp em Matosinhos, a notícia dessa passagem chegou da pior maneira às 6h da manhã de 22 de Dezembro de 2020, uma terça-feira já com cheiro a Natal. Naquela noite, excepcionalmente, não tinha desligado o telemóvel e ignorou a primeira chamada. Perante a insistência, atendeu. Era um amigo jornalista com um alerta. “Perguntou-me se eu já tinha visto as notícias que a Galp tinha comunicado à CMVM [Comissão de Mercado de Valores Imobiliários]. Percebi logo que era grave. Entrei no site da Galp e deparei-me com o anúncio da descontinuação da produção da refinaria do Porto”, relata Telmo, 39 anos, há 18 na empresa. Se é certo que não há boa altura para perder o emprego, o abalo torna-se ainda maior quando é recebido à beira da Consoada e com uma filha pequena para criar. “Nada o fazia prever. As reuniões que tínhamos com a administração e as posições públicas da empresa não deixavam antever que o encerramento seria o destino da instalação”.

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Não existe uma data definida para a concretização da transição energética. Porém, para Telmo Silva, então supervisor de manutenção da refinaria da Galp em Matosinhos, a notícia dessa passagem chegou da pior maneira às 6h da manhã de 22 de Dezembro de 2020, uma terça-feira já com cheiro a Natal. Naquela noite, excepcionalmente, não tinha desligado o telemóvel e ignorou a primeira chamada. Perante a insistência, atendeu. Era um amigo jornalista com um alerta. “Perguntou-me se eu já tinha visto as notícias que a Galp tinha comunicado à CMVM [Comissão de Mercado de Valores Imobiliários]. Percebi logo que era grave. Entrei no site da Galp e deparei-me com o anúncio da descontinuação da produção da refinaria do Porto”, relata Telmo, 39 anos, há 18 na empresa. Se é certo que não há boa altura para perder o emprego, o abalo torna-se ainda maior quando é recebido à beira da Consoada e com uma filha pequena para criar. “Nada o fazia prever. As reuniões que tínhamos com a administração e as posições públicas da empresa não deixavam antever que o encerramento seria o destino da instalação”.