Greve na Groundforce levou ao cancelamento de 650 voos em dois dias

Confederação do Turismo pede ao Governo para evitar novas greves e recorrer, de for preciso, a requisição civil

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LUSA/JOSE SENA GOULAO

O segundo dia da greve dos trabalhadores da empresa de handling Groundforce levou ao cancelamento de 321 dos 515 voos que estavam previstos para domingo só para o aeroporto de Lisboa. As informações foram dadas pela empresa que gere os aeroportos nacionais, a ANA, à agência Lusa, e acrescenta que no aeroporto do Porto foram cancelados 37 voos, no aeroporto de Faro foram canceladas sete ligações aéreas e, na Madeira e no Porto Santo, a greve levou ao cancelamento de seis voos em cada um dos aeroportos. Não há notícias, segundo a ANA, de cancelamentos nos aeroportos dos Açores.

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O segundo dia da greve dos trabalhadores da empresa de handling Groundforce levou ao cancelamento de 321 dos 515 voos que estavam previstos para domingo só para o aeroporto de Lisboa. As informações foram dadas pela empresa que gere os aeroportos nacionais, a ANA, à agência Lusa, e acrescenta que no aeroporto do Porto foram cancelados 37 voos, no aeroporto de Faro foram canceladas sete ligações aéreas e, na Madeira e no Porto Santo, a greve levou ao cancelamento de seis voos em cada um dos aeroportos. Não há notícias, segundo a ANA, de cancelamentos nos aeroportos dos Açores.

Os números não batem certo com aqueles que foram comunicados pela própria Groundforce, no momento do balanço dos voos cancelados até às 18h30 de domingo: 309 voos em Lisboa, 44 no Porto, 8 em Faro, 12 no Funchal e 10 no Porto Santo. Os números de adesão à greve comunicados pela Groundforce apontam para os 81,2% de trabalhadores que aderiram à paralisação em Lisboa, 48,7% no Porto, 25,7% no Funchal e 9,8% em Faro.

De acordo com a empresa que está a enfrentar a greve dos seus funcionários, o total dos dois dias de paralisação levou ao cancelamento, entre partidas e chegadas, de 650 voos dos 1049 voos previstos.

Divergências de números à parte, é inegável que o impacto da greve foi muito elevado. E o presidente da Confederação de Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, defendeu mesmo que o Governo deve avançar para uma requisição civil se não se conseguir evitar que haja nova greve, convocada agora por outras estruturas sindicais, para os dias 31 de Julho, 1 e 2 de Agosto.

“O direito à greve está constitucionalmente previsto, mas isso não pode prejudicar milhares e milhares de pessoas e prejudicar como está a prejudicar a imagem do país. Sou apologista de qualquer medida que evite que se venha a repetir algo que já vai dar uma imagem muito negativa de Portugal. Se necessário for uma requisição civil, que seja feita”, defende Francisco Calheiros, em declarações à rádio TSF.

Também a Groundforce considera fundamental que “se chegue rapidamente a um acordo que viabilize o pagamento do que é devido aos trabalhadores”. E no comunicado onde fez o balanço dos dois dias de greve, a empresa pede à TAP e aos sindicatos “que retomem o diálogo nos próximos dias, evitando que a situação vivida este fim-de-semana nos aeroportos nacionais se repita no final do mês”.

A greve deste fim-de-semana foi convocada pelo Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), como protesto pela “situação de instabilidade insustentável, no que concerne ao pagamento pontual dos salários e outras componentes pecuniárias” que os trabalhadores da Groundforce enfrentam desde Fevereiro de 2021. Está também em curso, desde o dia 15 de Julho, uma greve às horas extraordinárias que se prolonga até às 24h do dia 31 de Outubro de 2021.

A TAP acaba por ser a companhia aérea mais prejudicada por esta greve, uma vez que é a Groundforce quem lhe faz os serviços de assistência em terra. A TAP é accionista desta empresa, e também uma das suas principais clientes. E actualmente há divergências entre ambas as empresas no que se refere a serviços facturados e prestados. Segundo a ANA, as companhias aéreas que utilizam o terminal 2 do aeroporto de Lisboa – isto é, as companhias “low cost” – e as que operam com outra empresa de assistência em escala, que não a Groundforce, conseguiram manter a sua operação regularizada.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado. A “guerra entre accionistas” que opõe a Pasogal e a TAP, passou a ser, de acordo com André Teives, presidente do STAH, uma “guerra pessoal” entre o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e o dono da Pasogal, Alfredo Casimiro.

Em jeito de comentário ao apelo deixado na TSF para que o Governo avance para uma requisição civil, André Teives disse que o ministro “devia deixar de lado as guerras pessoais”, e “resolver os problemas dos trabalhadores”. “Estamos a falar de cerca de cinco milhões de euros. O que é isso, face aos prejuízos sofridos este fim-de-semana?”, questionava Teives aos microfones da TSF.

O PÚBLICO contactou o Ministério das Infra-estruturas mas o Governo entendeu não fazer comentários.