Benfica confirma acordo entre José António dos Santos e investidor americano para venda de 25% da SAD

SAD benfiquista revela que José António dos Santos, conhecido como “Rei dos Frangos”, tem um acordo com um investidor americano, John Textor, para a venda de 25% do capital social. Norte-americano pondera se irá avançar com a compra destas acções.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

A SAD do Benfica confirma que José António dos Santos, conhecido como o “Rei dos Frangos”, tem um acordo para vender 25% do capital social da SAD a John Textor, um investidor norte-americano que pode exercer esse direito até 15 de Setembro, revelam documentos publicados nesta madrugada pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). No entanto, diz também que o empresário, que é o maior accionista individual da SAD, detém apenas 23,1% do capital social da Benfica SAD, directa e indirectamente, depois de efectuar, nas últimas semanas, vários contratos-promessa de compra e venda para este negócio com John Textor: antes destes acordos, o “Rei dos Frangos” detinha 13,67% do capital social da SAD, 

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A SAD do Benfica confirma que José António dos Santos, conhecido como o “Rei dos Frangos”, tem um acordo para vender 25% do capital social da SAD a John Textor, um investidor norte-americano que pode exercer esse direito até 15 de Setembro, revelam documentos publicados nesta madrugada pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). No entanto, diz também que o empresário, que é o maior accionista individual da SAD, detém apenas 23,1% do capital social da Benfica SAD, directa e indirectamente, depois de efectuar, nas últimas semanas, vários contratos-promessa de compra e venda para este negócio com John Textor: antes destes acordos, o “Rei dos Frangos” detinha 13,67% do capital social da SAD, 

Em comunicado, a SAD diz que José António dos Santos “outorgou com John C. Textor dois acordos para venda de um total de 5.750.000 acções ordinárias, escriturais e nominativas, representativas de 25% do capital social da Benfica SAD, condicionado ao pagamento” até 15 de Setembro “do preço total acordado”. O investidor americano pagou um adiantamento de um milhão de euros por estas acções.

Neste comunicado (de três páginas, acompanhadas por mais seis com documentos da European Securities and Markets Authority), o Benfica explica que José António dos Santos comunicou à sociedade que detém directamente 13,67% das acções da SAD do Benfica e, indirectamente, mais 1,9565% através do grupo Valouro SGPS, 0,7485% através da sociedade Avibom e 0,002% através das Rações Valouro. 

É ainda referido pelo accionista individual da SAD que tem contratos-promessa de compra e venda para ficar com mais 3,65% do capital da SAD, que pertencem a José da Conceição Guilherme, e dos 3% da sociedade Quinta de Jugais — Comércio de Produtos Alimentares, Lda —, mas que ambas as operações estão condicionadas “à concretização da operação de compra das acções necessárias para posterior venda a entidade terceira, de um lote de acções correspondente a 25% do capital social desta sociedade”. Ou seja, José António dos Santos estaria a tentar adquirir os 25% necessários para vender a John Textor.

Apesar destes esclarecimentos, a Benfica SAD conclui o comunicado sublinhando que, de acordo com as informações de que dispõe, “depreende”, à luz das regras prevista no Código dos Valores Mobiliários, ​que o accionista em causa já controla “um total de direitos de voto inerentes a acções representativas de 23,1061% do capital social da Benfica SAD”.​

Investidor pondera negócio

Em comunicado publicado no site do empresário norte-americano, Jonn Textor explica que conheceu José António dos Santos através de um banco de investimento em Londres, negando que tivesse sido a direcção dos “encarnados” a fazer a ligação com o empresário. Atribuindo ao Benfica um carácter de “clube do povo”, o investidor admite que os mais recentes acontecimentos podem ter impacto numa decisão definitiva sobre a compra do capital na Benfica SAD.

“Apesar de estar entusiasmado em conhecer a direcção do Benfica nas próximas semanas, estou a avaliar se pretendo, ou não, consumar a compra de acções do Benfica”, escreve John Textor. Se o investidor norte-americano comprasse as acções a José António dos Santos – neste momento, o maior accionista individual da SAD –, o “Rei dos Frangos” deixaria de ser accionista da SAD, visto que se propõe a vender ao norte-americano a totalidade da sua participação. 

​A Benfica SAD já recebera na segunda-feira informação do investidor norte-americano, no mesmo dia em que o advogado de Luís Filipe Vieira revelou, em entrevista à TVI, que existia “um contrato-promessa entre José António dos Santos, que foi comprando acções do Benfica para esse efeito, e o homem [John Textor] que está com negociações quase concluídas para comprar o Crystal Palace e que tem a maior cadeia de streaming e eventos desportivos nos Estados Unidos”.

Manuel Magalhães e Silva acrescentou então que Textor “queria entrar no capital do Benfica, para trazer toda essa tecnologia”, tendo dado “como sinal um milhão de euros”. As declarações do advogado foram realizadas também no dia em que a CMVM suspendeu a negociação das acções Sport Lisboa e Benfica Futebol SAD por pouco menos de duas horas “para a incorporação de informação”. A decisão foi comunicada ao mercado a par de um alerta sobre a opacidade deste negócio que agora a SAD confirma, já que José António Santos estaria a preparar a compra de mais acções para as revender a Textor.

José António dos Santos foi detido no mesmo dia que o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o filho deste, na semana passada, por suspeita de diversos crimes económicos, numa altura em que decorre uma oferta de subscrição de obrigações. A SAD queria emitir até sete milhões de títulos de dívida, ao valor unitário de cinco euros, num total máximo de 35 milhões de euros, de acordo com o prospecto da operação.

No inquérito que levou às detenções, estão em causa eventuais crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento.

Entretanto, a CMVM já fez um alerta sobre a emissão de obrigações de 35 milhões de euros que a SAD benfiquista tem no mercado, admitindo que a divulgação da Operação Cartão Vermelho pode ter impacto “na oferta pública de subscrição de obrigações em curso”. Por isso, a CMVM admite tomar “medidas extraordinárias” para “protecção dos investidores, sem prejuízo de até ao dia 16 de Julho serem revogáveis todas as ordens de subscrição emitidas”.