Governo guineense acusa media portugueses de “destruir a amizade” entre Portugal e a Guiné-Bissau

RDP-África, RTP-África e SIC ameaçadas com “medidas apropriadas e ajustadas” por serem órgãos oficiosos do PAIGC. Executivo de Nuno Nabiam diz que Umaro Sissoco Embaló e antes José Mário Vaz foram difamados.

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Marcelo Rebelo de Sousa com Umaro Sissoco Embaló na recente visita do Presidente português à Guiné-Bissau JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O Governo da Guiné-Bissau ameaçou esta sexta-feira a RTP-África, a RDP-África e a SIC de poderem vir a sofrer “medidas apropriadas e ajustadas” por aquilo a que o executivo de Nuno Nabiam considera a “ingerência política” dos meios de comunicação portugueses que se tornaram em órgãos “oficiosos” do PAIGC, o partido mais votado nas eleições de 2019, afastado do poder pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló quando chegou ao poder.

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O Governo da Guiné-Bissau ameaçou esta sexta-feira a RTP-África, a RDP-África e a SIC de poderem vir a sofrer “medidas apropriadas e ajustadas” por aquilo a que o executivo de Nuno Nabiam considera a “ingerência política” dos meios de comunicação portugueses que se tornaram em órgãos “oficiosos” do PAIGC, o partido mais votado nas eleições de 2019, afastado do poder pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló quando chegou ao poder.

Os media portugueses “têm-se assumido como actores políticos activos na Guiné-Bissau, comportando-se como órgãos de comunicação oficiosos de um dos partidos políticos da Guiné-Bissau”, ao mesmo tempo “que teimam em denegrir o bom nome do país” e “destruir a amizade” que une Portugal e a Guiné-Bissau”, afirma o executivo em comunicado, citado pela Lusa.

Os três órgãos, acusados de “violação dos princípios democráticos”, de “promoção do ódio” e de “permanente e sistemática violação de princípios democráticos básicos e universalmente consagrados”, podem vir a sofrer consequências por uma cobertura noticiosa que tem desgostado os líderes do poder político na Guiné-Bissau.

Um comportamento que, diz o Governo, não é de agora, pois desde 2015 que RDP e RTP África vêm assumindo “comportamentos desrespeitosos para com o anterior [José Mário Vaz] e o actual chefe de Estado da Guiné-Bissau, praticando e incentivando a prática de injúrias, difamações e calúnias que desonram o primeiro magistrado da Nação guineenses e vários dos seus cidadãos”. Por isso é que em 2017, Embaló, na altura primeiro-ministro, suspendeu durante quatro meses as emissões da RTP e RDP África.

Por isso, o Governo admite que “será obrigado a tomar medidas apropriadas e ajustadas” caso aqueles órgãos de comunicação social “persistam em ofender direitos dos cidadãos”, insistam na “violação de princípios democráticos universais, no incentivo à prática de injúrias, difamações e calúnias” e na “promoção do ódio, conflitualidade e da instabilidade política”.

Nem o Governo de Nuno Nabiam, nem o Presidente Embaló estão satisfeitos com a forma como os jornalistas daqueles três órgãos têm olhado para a realidade política da Guiné-Bissau e o executivo é duro na forma como define a cobertura noticiosa das duas televisões e da rádio como uma “permanente e sistemática violação de princípios democráticos básicos e universalmente consagrados”.

“Através da ingerência inaceitável e de uma intervenção política activa – quotidiana, militante e facciosa – nas contendas políticas havidas na Guiné-Bissau, a RDP-África, a RTP-África e a SIC são credoras de uma parte substancial do ódio instigado, dos desentendimentos induzidos, da conflitualidade e da instabilidade política geradas no nosso país”, diz o comunicado, divulgado pelo porta-voz do Governo e ministro do Turismo, Fernando Vaz.

Para o Governo, os referidos meios de comunicação portugueses passam o tempo “desonrando o Estado da Guiné-Bissau, as suas instituições soberanas e os seus cidadãos”, tendo atingido “o limite do tolerável, razão pela qual o Governo da Guiné-Bissau manifesta o seu repúdio e protesto pela persistência destes órgãos de comunicação em destruir a amizade que une os nossos povos e estados”.

Aqueles dois órgãos de comunicação também são acusados de, desde 2015, assumirem “comportamentos desrespeitosos para com o anterior e o atual chefe de Estado da Guiné-Bissau, praticando e incentivando a prática de injúrias, difamações e calúnias que desonram o primeiro magistrado da Nação guineenses e vários dos seus cidadãos”.