Julgamento de Ricardo Salgado foi adiado

Banqueiro vai responder por três crimes de abuso de confiança, mas ainda não entregou contestação.

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LUSA/PAULO CUNHA

O julgamento de Ricardo Salgado foi adiado esta segunda-feira. O ex-banqueiro responde por três crimes de abuso de confiança no âmbito da Operação Marquês, mas ainda não entregou a sua contestação às acusações de que é alvo, razão pela qual não poderá ser julgado já esta segunda-feira

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O julgamento de Ricardo Salgado foi adiado esta segunda-feira. O ex-banqueiro responde por três crimes de abuso de confiança no âmbito da Operação Marquês, mas ainda não entregou a sua contestação às acusações de que é alvo, razão pela qual não poderá ser julgado já esta segunda-feira

O juiz de instrução Ivo Rosa decidiu pronunciar o arguido por alegadamente este se ter apropriado de 10,6 milhões de euros, com origem na Espírito Santo Enterprises, tida como o “saco azul” do Grupo Espírito Santo. Segundo a pronúncia, foram feitas três transferências da ES Entreprises, em 2011, para sociedades offshore controladas por Ricardo Salgado. Ivo Rosa anunciou também que iria proceder à separação de processos de Salgado, Vara, Carlos Santos Silva, João Perna e José Sócrates, os únicos arguidos que pronunciou a 9 de Abril.

“Estar com este pingue-pongue não tem efeito válido nenhum. Vou já adiar o de hoje e de amanhã. Os dias 14 e 15 de Junho mantêm-se”, disse esta manhã juiz Francisco Henriques, que preside ao colectivo, acrescentando: Dá-me prazer fazer julgamentos com advogados de gabarito”, referindo-se à equipa de defesa de Ricardo Salgado.

E depois continuou a justificar-se: Não é normal haver este tipo de separação, mas enfim... Mas não vejo fundamento para não fazer o julgamento”, disse o magistrado.

Já o advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho, disse que “quando falamos em adiamento, falamos da questão da contestação. E essa não vai ser pequena, vai ter bastantes documentos e com requerimentos de prova para a descoberta da verdade. É necessário ter tempo para isso”.

Francisco Proença de Carvalho acrescentou que “ninguém estava à espera desta separação de processos” e explicou que pediu “um pouco mais de tempo para o juiz e o Ministério Público”, uma vez que contestação tem grande dimensão. O advogado sugeriu que o julgamento apenas começasse em Julho.

O juiz Francisco Henriques justificou ainda a rapidez com que marcou o julgamento: “Este colectivo marcou logo o julgamento para aproveitar uma aberta que havia na agenda do tribunal”. 

“Estas são as únicas datas que tenho disponível antes de ir de férias”, sublinhou o juiz. “Em Setembro devo ter mais algumas datas, mas a partir de Outubro vai ser muito difícil, porque vamos ter um julgamento grande até ao final do ano que nos vai ocupar três dias por semana”, afirmou, acrescentando que vai aguardar pela contestação do arguido e que depois logo se verá melhor a agenda.

Além disso, disse que se Ricardo Salgado quer prestar declarações terá de se deslocar ao tribunal. “Vamos esperar pela contestação e na próxima sessão decide-se o agendamento”, afirmou, sublinhando que o arguido pode até entrar pela garagem para não ter de se encontrar com pessoas, uma vez que o advogado justificou a ausência de Ricardo Salgado com a sua idade, 77 anos, e com os riscos da covid-19.

À saída do tribunal, Francisco Proença de Carvalho disse que vai apresentar a contestação e que a única coisa que espera é que o tribunal leia e estude os argumentos da defesa de Ricardo Salgado. “Não pedimos mais nada. Tenho de acreditar que isso vai acontecer”, disse, sublinhando que disse em tribunal que a contestação teria 150 páginas, mas que ainda é assunto para ver, dando a entender que pode ter mais.