Como lidar com ditadores?

O Ocidente enfrenta hoje um desafio que, não sendo comparável ao da Guerra Fria, é igualmente gigantesco.

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MICHAIL KLIMENTYEV/SPUTNIK/KREMLIN / POOL

1. No dia 23 de Maio, o mais antigo ditador da Europa, acossado desde Agosto de 2020 por um movimento inédito de contestação ao regime que lidera há 27 anos, decidiu desviar pela força um avião da Ryanair que descolara de Atenas rumo a Vilnius, a capital lituana, pela simples razão de levar a bordo um dos mais incómodos jornalistas bielorrussos. O avião aterrou em Minsk, o jornalista e a sua companheira foram presos. Tudo isto em território europeu, junto às fronteiras exteriores da União Europeia, num voo comercial que ligava duas das suas capitais, num acto de pirataria aérea que violou as invioláveis normas da aviação internacional. O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukaschenko, venceu apenas umas eleições consideradas livres, em 1994. Desde então, este antigo chefe de uma quinta colectiva do tempo da União Soviética perpetuou-se no poder à custa do controlo cerrado dos pequenos partidos da oposição que deixou existir, da repressão mais ou menos brutal sobre quem ousasse fazer-lhe frente e pela manipulação descarada das seis eleições presidenciais seguintes. Houve protestos na sequência das eleições de 2006 e de 2010. Nas últimas, em Agosto de 2020, a revolta da oposição contra o que considerou uma gigantesca fraude eleitoral arrastou consigo uma onda de protestos inédita, mobilizando centenas de milhares de pessoas, na sua maioria representando uma classe média cansada de restrições e de dificuldades e revoltada contra a gestão desastrosa da pandemia – “apenas uma psicose”, nas palavras do ditador, facilmente “tratada com vodka”. Bolsonaro ou Trump não diriam melhor.

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1. No dia 23 de Maio, o mais antigo ditador da Europa, acossado desde Agosto de 2020 por um movimento inédito de contestação ao regime que lidera há 27 anos, decidiu desviar pela força um avião da Ryanair que descolara de Atenas rumo a Vilnius, a capital lituana, pela simples razão de levar a bordo um dos mais incómodos jornalistas bielorrussos. O avião aterrou em Minsk, o jornalista e a sua companheira foram presos. Tudo isto em território europeu, junto às fronteiras exteriores da União Europeia, num voo comercial que ligava duas das suas capitais, num acto de pirataria aérea que violou as invioláveis normas da aviação internacional. O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukaschenko, venceu apenas umas eleições consideradas livres, em 1994. Desde então, este antigo chefe de uma quinta colectiva do tempo da União Soviética perpetuou-se no poder à custa do controlo cerrado dos pequenos partidos da oposição que deixou existir, da repressão mais ou menos brutal sobre quem ousasse fazer-lhe frente e pela manipulação descarada das seis eleições presidenciais seguintes. Houve protestos na sequência das eleições de 2006 e de 2010. Nas últimas, em Agosto de 2020, a revolta da oposição contra o que considerou uma gigantesca fraude eleitoral arrastou consigo uma onda de protestos inédita, mobilizando centenas de milhares de pessoas, na sua maioria representando uma classe média cansada de restrições e de dificuldades e revoltada contra a gestão desastrosa da pandemia – “apenas uma psicose”, nas palavras do ditador, facilmente “tratada com vodka”. Bolsonaro ou Trump não diriam melhor.