Bloco: a festa do divórcio e o zeitgeist

Quando chegar à altura das eleições, antecipadas ou não antecipadas, o Bloco de Esquerda poderá apresentar um currículo de partido da oposição e não do “sistema”, o que, em tempos complexos como os que vivemos, até pode ser favorável para o regime no seu todo.

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LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

Catarina Martins e outros dirigentes juraram na convenção de Matosinhos que estão disponíveis para negociar com o PS uma hipotética luz verde ao próximo Orçamento do Estado. Na realidade, também era impossível dizer o contrário: este particular tipo de divórcio na outrora “geringonça” nunca poderia ser reconhecido. É evidente que o Bloco de Esquerda vai negociar, só que o caderno de encargos dificilmente será aceite pelo PS, que não esteve disponível para aceitar um caderno menos pesado no Orçamento do ano passado. Um corte com o modus vivendi do Novo Banco, por exemplo, é inaceitável para o Governo; mudar as leis laborais que foram impostas pela troika e que resistiram a uma legislatura de “esquerda unida” provavelmente também; quanto a apostar nos serviços públicos, o Governo argumentará (como o fez no passado) que já faz muito.

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Catarina Martins e outros dirigentes juraram na convenção de Matosinhos que estão disponíveis para negociar com o PS uma hipotética luz verde ao próximo Orçamento do Estado. Na realidade, também era impossível dizer o contrário: este particular tipo de divórcio na outrora “geringonça” nunca poderia ser reconhecido. É evidente que o Bloco de Esquerda vai negociar, só que o caderno de encargos dificilmente será aceite pelo PS, que não esteve disponível para aceitar um caderno menos pesado no Orçamento do ano passado. Um corte com o modus vivendi do Novo Banco, por exemplo, é inaceitável para o Governo; mudar as leis laborais que foram impostas pela troika e que resistiram a uma legislatura de “esquerda unida” provavelmente também; quanto a apostar nos serviços públicos, o Governo argumentará (como o fez no passado) que já faz muito.