A “reconstrução” segundo Marcelo Rebelo de Sousa

A fixação na conjuntura é consequência da política enquanto a arte do possível, mas é também um obstáculo à reconstrução. Quando muito, chegará para uma recuperação que nos iludirá até à próxima crise

Na entrevista desta quinta-feira à RTP, o Presidente da República deixou ao país uma ideia poderosa. Disse Marcelo, a propósito da “bazuca” europeia, que prefere falar em “reconstrução” do que em “recuperação”. Faz toda a diferença. Recuperar é regressar ao lugar onde Portugal estava antes da pandemia, bastando para isso “remendar” a situação. Reconstruir é fazer de novo, pegando nas heranças recentes e lançando um projecto que vá para lá do que existia. Nesta diferença, há muito mais do que sentido de oportunidade ou de ambição. Há também um reconhecimento realista do país que fomos neste século: um país estagnado, sem crescimento, incapaz de acompanhar o ritmo das economias europeias com estágios de desenvolvimento equivalentes, baseado na precariedade e nos baixos salários, enredado na “armadilha do rendimento médio”.

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Na entrevista desta quinta-feira à RTP, o Presidente da República deixou ao país uma ideia poderosa. Disse Marcelo, a propósito da “bazuca” europeia, que prefere falar em “reconstrução” do que em “recuperação”. Faz toda a diferença. Recuperar é regressar ao lugar onde Portugal estava antes da pandemia, bastando para isso “remendar” a situação. Reconstruir é fazer de novo, pegando nas heranças recentes e lançando um projecto que vá para lá do que existia. Nesta diferença, há muito mais do que sentido de oportunidade ou de ambição. Há também um reconhecimento realista do país que fomos neste século: um país estagnado, sem crescimento, incapaz de acompanhar o ritmo das economias europeias com estágios de desenvolvimento equivalentes, baseado na precariedade e nos baixos salários, enredado na “armadilha do rendimento médio”.