Esperança de vida saudável em Portugal abaixo da média europeia

Quase um terço da população tem limitações na na realização de actividades habituais devido a problemas de saúde. Percentagem recuou ligeiramente nos últimos cinco anos, segundo o INE.

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Paulo Pimenta

A percentagem de população portuguesa com limitações na realização de algumas actividades devido a problemas de saúde tem baixado nos últimos cinco anos, mas a esperança de vida saudável em Portugal continua abaixo da média europeia.

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A percentagem de população portuguesa com limitações na realização de algumas actividades devido a problemas de saúde tem baixado nos últimos cinco anos, mas a esperança de vida saudável em Portugal continua abaixo da média europeia.

Segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nos últimos cinco anos baixou de 36,1% (2015) para 32,1% (2020) a percentagem da população com limitações na realização de actividades habituais devido a problemas de saúde, mas Portugal continua a ser um dos países onde este indicador atinge uma maior expressão (33,0% em 2019, 24,0% para a União Europeia, UE-27).

De acordo com o INE, a expectativa de vida saudável aos 65 anos para a população portuguesa em geral em 2019 situou-se em 7,3 anos, menos três anos do que a média europeia (10,3 anos).

A publicação Estatísticas da Saúde 2019, divulgada pelo INE por ocasião do Dia Mundial da Saúde, que se assinala na quarta-feira, refere que em 2019 subiu o número de médicos e enfermeiros por 1.000 habitantes. Os dados indicam que em 2019 existiam em Portugal 5,4 médicos e 7,4 enfermeiros por 1.000 habitantes, mais 2,3 médicos e mais 4,2 enfermeiros por mil habitantes do que há duas décadas.

“O crescimento do número de médicos em Portugal foi mais elevado do que na UE-27, com 3,6% ao ano entre 2014 e 2018 (1,4% ao ano na UE-27)”, sublinha o instituto.

O INE refere ainda que o número total de camas para internamento baixou 5,7% em 2019 e que o peso relativo do sector público na oferta deste equipamento diminuiu (de 77,7% em 1999 para 67,9% em 2019). Contudo, com a pandemia, em 2020 o Serviço Nacional de Saúde viu reforçada a capacidade de camas de internamento, sobretudo em cuidados intensivos.

Ainda em 2019, segundo o INE, a duração média de internamento situou-se em 9,1 dias, mais longa nas Unidades de Cuidados Intensivos como é característica deste tipo de internamento: 18,4 dias nos intensivos pediátricos, 17,2 dias nos intensivos neonatais e 11,8 dias nos cuidados intensivos de adultos.

O instituto refere ainda que os hospitais públicos ou em parceria público-privada continuaram em 2019 a ser os principais prestadores de serviços de saúde, assegurando mais de 80% dos atendimentos em urgência, 75,9% dos internamentos, 70,2% das cirurgias e 62,7% das consultas médicas.

Contudo, foi nos hospitais privados que estes serviços mais aumentaram em 10 anos (entre 1999 e 2019), com um reforço do peso relativo do sector privado ao nível das consultas médicas (de 15,6% para 37,3%), das cirurgias (de 22,4% para 29,8%), dos internamentos (de 15,3% para 24,1%) e dos atendimentos em serviço de urgência (de 4,2% para 17,3%).