Civilization. Jogar com a História para a aprender

O novo capítulo da série de videojogos Civilization permite vestir a pele do rei português D. João III. É um exemplo dos muitos jogos que ajudam a estudar o passado.

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Quando nasceu, em 1502, D João III herdou um vasto império que começava nas ilhas do Atlântico, passava pela costa africana e chegava até à China e ao Brasil. Mas o reinado não foi fácil: como governante, foi obrigado a gerir várias crises financeiras e políticas, desde as ameaças francesa e inglesa às dificuldades de um império extenso e disperso.

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Quando nasceu, em 1502, D João III herdou um vasto império que começava nas ilhas do Atlântico, passava pela costa africana e chegava até à China e ao Brasil. Mas o reinado não foi fácil: como governante, foi obrigado a gerir várias crises financeiras e políticas, desde as ameaças francesa e inglesa às dificuldades de um império extenso e disperso.

Quem quiser fazer melhor, tem agora a oportunidade de vestir a pele do monarca português no mais recente capítulo da série de videojogos Civilization de Sid Meiers. Desde 1991 que o jogo de estratégia explora os maiores impérios da humanidade, com alguns historiadores a utilizá-lo para reflectir sobre o passado. 

“Os videojogos são parte da cultura. Sempre que há um novo jogo sobre um determinado tópico da história, tende a gerar-se debate, por exemplo, nas redes sociais e nos jornais, sobre o que é que o jogo fez bem, o que é que fez mal, e sobre a História em geral”, explica ao PÚBLICO Ylva Grufstedt, investigadora de História na Universidades de Aalto e na Universidade de Helsínquia, na Finlândia. 

Nos últimos anos, Grufstedt tem-se focado em explorar como alguns videojogos de estratégia como Civilization e Europa Universalis permitem explorar “História alternativa”. “São os cenários ‘e se?’”, justifica a académica. Por exemplo, o que teria acontecido se o Império Romano não tivesse caído? E se a Alemanha tivesse ganho a Segunda Guerra Mundial?

“Ao misturar elementos militares, políticos, religiosos, financeiros e recursos naturais, os jogos permitem pensar sobre o que é que se pode fazer para alcançar um determinado cenário”, clarifica Grufstedt num resumo do seu trabalho. Ao estudar versões alternativas da História, os investigadores esperam aprender mais sobre a forma como os jogadores se relacionam com acontecimentos e consequências de eventos como a Segunda Guerra Mundial. “No centro deste tipo de estudo, estão questões sobre subjectividade, agência e escolha. Que partes da narrativa histórica mexem com as pessoas, e porquê?”, resume a investigadora.

História “adaptada"

Um dos problemas em aprender História com videojogos é que estes nem sempre são fidedignos. Nas últimas versões de Civilization, por exemplo, a narrativa ignora alguns dos elementos menos positivos da História, como a escravatura. E há a possibilidade de enfrentar zombies a certa altura no pacote sobre Portugal. 

“É importante sermos específicos sobre aquilo que os jogos podem e não podem fazer”, ressalva  Grufstedt. “Pode-se aprender com videojogos ao analisá-los e discutir escolhas”, sugere. “Mesmo quando os videojogos exploram versões alternativas da História, a lógica do jogo ainda é historicamente viável.”

Nos Estados Unidos, desde da década de 1970 que professores da escola básica e secundária usam o jogo Oregon Trail para ajudar os alunos a perceber as dificuldades dos primeiros pioneiros norte-americanos. 

O pacote de Civilization, que permite explorar uma versão alternativa do reinado de D. João III, está disponível desde quinta-feira, 25 de Março e inclui a possibilidade de viajar com naus e edificar escolas de navegação e feitorias no jogo. Faz parte do pacote de expansão New Frontiers Pass (39,99 euros) do jogo Civilization VI