Angola, 1961: O “manancial de barbárie e terror” que levou à Guerra Colonial

No início de 1961 multiplicavam-se os avisos e sinais de que a instabilidade estava a aumentar em Angola, mas o nível de violência com que irromperam os ataques a povoações e fazendas do Norte do país, a 15 de Março desse ano, surpreenderam toda a gente. Amanhã passam 60 anos sobre os massacres e os contramassacres que espoletaram a guerra entre Portugal e as ex-colónias.

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Para o editor e escritor Jacques dos Santos, 77 anos, o dia 15 de Março de 1961 continua associado a uma mulata jovem, com quem se cruzara, no Dondo, em Angola, onde ele morava. “Uns tempos antes, houve uma família que foi passar férias ao Dondo. Acho que moravam em Nambuangongo e dela fazia parte uma moça loira, mestiça. Viemos a saber dias depois do 15 de Março que ela e os irmãos tinham sido mortos. Isto nunca mais me saiu da memória, nem a cara da jovem. Talvez esta memória me tenha trazido a revelação mais cruel da tragédia que se estava a passar em Angola.” A guerra do Ultramar, que se estenderia depois a Moçambique e à Guiné-Bissau, e que só terminaria com o 25 de Abril de 1974, estava a começar.

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Para o editor e escritor Jacques dos Santos, 77 anos, o dia 15 de Março de 1961 continua associado a uma mulata jovem, com quem se cruzara, no Dondo, em Angola, onde ele morava. “Uns tempos antes, houve uma família que foi passar férias ao Dondo. Acho que moravam em Nambuangongo e dela fazia parte uma moça loira, mestiça. Viemos a saber dias depois do 15 de Março que ela e os irmãos tinham sido mortos. Isto nunca mais me saiu da memória, nem a cara da jovem. Talvez esta memória me tenha trazido a revelação mais cruel da tragédia que se estava a passar em Angola.” A guerra do Ultramar, que se estenderia depois a Moçambique e à Guiné-Bissau, e que só terminaria com o 25 de Abril de 1974, estava a começar.