Um momento de publicação independente: Portugal Livre de Minas

Fanzines, edições de autor, livros de artista — nesta rubrica queremos falar de publicação independente. Ana Filipa Piedade apresenta Portugal Livre de Minas.

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Apresenta-nos a tua publicação.
O zine Portugal Livre de Minas é um projecto colaborativo criado em defesa de todas as terras portuguesas em risco de exploração mineira, em particular da exploração de lítio. Inclui uma compilação de textos, poemas, fotos e “artivismo” criados por um conjunto de indivíduos e colectivos, e pretende sensibilizar a população portuguesa para o impacto que a exploração de lítio terá nas zonas ameaçadas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Apresenta-nos a tua publicação.
O zine Portugal Livre de Minas é um projecto colaborativo criado em defesa de todas as terras portuguesas em risco de exploração mineira, em particular da exploração de lítio. Inclui uma compilação de textos, poemas, fotos e “artivismo” criados por um conjunto de indivíduos e colectivos, e pretende sensibilizar a população portuguesa para o impacto que a exploração de lítio terá nas zonas ameaçadas.

Quem são os autores?
Este é um projecto colaborativo que inclui contribuições de João Nunes, Gui Abreu de Lima, Samuel F. Pimenta, Sofia Batalha, Ana Teresa Matos, João Marques, Catarina Gabriel, Ana Carvalho, Doula Ana Catarina, Ana Sevinate (Projecto Histórias da Raiz), Carolina Maria (Mandrágora), Clementina Braga, Iris Lican (Teia da Terra), Ana Torradinhas, Graça Pires, Carla Mourão (Teia da Terra), Ana Filipa Piedade, Teresa Durães, Ana Alpande, Sara Baga, Inês Marques (E-Quartz) e Manuel Lino Pereira de Carvalho.

Do que quiseram falar?
Este zine compila opiniões, sentimentos e visuais em torno da questão da exploração de lítio em Portugal e do seu impacto nas terras ameaçadas e nas povoações que lá vivem. Partilhamos o medo, a fúria e a dor visceral que se alastra em nós ao imaginarmos estes lugares — que guardam a nossa água, o nosso sustento, a nossa história e tantas memórias — destruídos irreversivelmente. Partilhamos também a beleza do nosso país e da nossa cultura ancestral, e a esperança num possível futuro diferente para estes lugares onde tantos de nós temos raízes. Acima de tudo, esperamos que este zine faça pensar quem o ler e que o mesma seja o início de muitas conversas produtivas.

Sabemos que as baterias de lítio são promovidas como uma solução para a criação da tão desejada “energia limpa”. Porém, é sabido que os impactos da mineração de lítio são enormes, incluindo a poluição das águas e dos solos, a degradação da vida e saúde das comunidades locais, o impacto na biodiversidade local e a alteração irreversível da paisagem. A “energia verde” não pode nem deve ser criada a qualquer custo. É urgente repensar as soluções que temos na mesa, mantendo as populações locais e as futuras gerações no centro na conversa.

Questões técnicas: quais os materiais usados, quantas páginas tem, qual a tiragem e que cores foram utilizadas?
zine é de formato A5 digital (.pdf), e tem 64 páginas. O nosso desejo é que esta publicação chegue longe, como sementes ao vento, e que o máximo número de pessoas possa ter acesso a ela, independentemente de terem ou não acesso a um computador ou à internet. Assim, pretendemos que a sua divulgação seja feita não só online, mas também fora deste espaço virtual, incentivando a todos que a imprimam em casa e a distribuam nas respectivas comunidades.

Onde está à venda e qual o preço?
O zine é gratuito, sendo acessível a qualquer pessoa. Pode ser lido em formato de revista aqui, sendo também possível fazer o seu download aqui.

Porquê fazer e lançar edições hoje em dia?
Penso que hoje, mais do que nunca, necessitamos de mais publicações que explorem alternativas ao paradigma actual, seja através da ficção ou da não-ficção, da prosa, poesia ou banda desenhada. Todos sabemos que não é possível continuar a viver nas costas de um sistema que se baseia no consumismo extremo e na indístria extractiva, à custa do agravamento das alterações climáticas e da contaminação da já tão escassa água potável. Tudo está interligado, mas nem sempre estas ligações são perceptíveis a muitos de nós. Assim, quem escreve tem a oportunidade de aprender mais sobre estas temáticas e de incorporá-las nos seus trabalhos; quem edita, a chance de promover concursos e livros que convidem escritores e leitores a explorarem e a reflectirem sobre elas. No fundo, precisamos de mais edições que nos relembrem que somos nós que pertencemos à Terra e não o contrário.

Recomenda-nos uma edição de autor recente lançada em Portugal.
Recomendo Ascensão da Água de Samuel F. Pimenta.