O peso da obesidade para a nossa saúde

As pessoas com obesidade, se infectadas pelo coronavírus têm maior necessidade de tratamento hospitalar, de internamento nos cuidados intensivos e com uma maior probabilidade de morte.

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Wojtek Mich/Unsplash

A obesidade, uma doença crónica, complexa e multifactorial, é considerada a epidemia do século XXI. Segundo os dados do Inquérito Nacional de Saúde de 2019, 16,9% da população adulta portuguesa tem obesidade e cerca de 60% tem excesso de peso (obesidade e pré-obesidade). A prevalência de obesidade na população adulta em Portugal, segundo dados da OCDE, é de 28,7%, o que coloca Portugal como o terceiro país europeu com maior prevalência de obesidade.

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A obesidade, uma doença crónica, complexa e multifactorial, é considerada a epidemia do século XXI. Segundo os dados do Inquérito Nacional de Saúde de 2019, 16,9% da população adulta portuguesa tem obesidade e cerca de 60% tem excesso de peso (obesidade e pré-obesidade). A prevalência de obesidade na população adulta em Portugal, segundo dados da OCDE, é de 28,7%, o que coloca Portugal como o terceiro país europeu com maior prevalência de obesidade.

Se somarmos o impacto da pandemia de covid-19, a situação da obesidade fica ainda mais preocupante, pois houve um agravamento da sua prevalência. Existem dados que referem que 26,4% dos portugueses aumentaram de peso no período de contenção social em contexto de covid-19. Este aumento tem a ver com o sedentarismo, as escolhas alimentares e a constante disponibilidade alimentar durante o confinamento. Também os problemas económicos conduzem as pessoas a comprar alimentos mais baratos, processados, mais pobres nutricionalmente, menos saciantes, mais ricos energeticamente e com impacto nefasto na saúde.

A obesidade per se é uma doença grave, mas também é o factor promotor de mais de 200 outras doenças e mais de dez tipos de cancros. A título de exemplo, a obesidade está associada a doenças pulmonares, como asma ou apneia do sono; problemas cardiovasculares onde se incluem a hipertensão arterial e insuficiência cardíaca; doenças metabólicas como a diabetes mellitus tipo 2 e dislipidemia (aumento do colesterol e triglicerídeos). Pode ainda provocar alterações no sistema nervoso central e outros problemas gastrointestinais, dermatológicos ou ginecológicos. Todas estas alterações concorrem para uma diminuição da qualidade de vida e aumento da mortalidade.

E, as pessoas com obesidade, se infectadas pelo coronavírus têm maior necessidade de tratamento hospitalar, de internamento nos cuidados intensivos e com uma maior probabilidade de morte.

Por tudo isto, é tempo para agir e não adiar a resolução de um problema já de si muito grave.

Por outro lado, assistimos a um medo, um receio das pessoas com obesidade na procura de ajuda clínica junto dos profissionais de saúde, por medo de se exporem aos ambientes de saúde frequentados por outros doentes com múltiplas outras patologias, por medo da infecção pelo coronavírus. Este medo é transversal a múltiplas outras patologias o que fez com que um número grande de doentes não procurasse ajuda para solucionar os seus problemas de saúde. Não deve existir este receio já que as unidades de saúde reforçaram todas as medidas para garantir a segurança de todos.

Quem tem um problema de obesidade deve procurar ajuda junto dos profissionais de saúde com competências para o tratamento da obesidade. A obesidade é uma doença que não é da exclusiva responsabilidade do próprio doente e deve ser tratada antes que progrida para estádios mais graves. O acto de adiar pode concorrer para um agravamento da situação clínica.

Que atitudes deve o doente com obesidade adoptar diariamente? A Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade recomenda:

  • Mantenha uma alimentação saudável e equilibrada. Inclua alimentos de todos os grupos da Roda dos Alimentos. Coma mais fruta e hortícolas, incluindo, por exemplo, sopa de hortícolas ao almoço e jantar e três peças de fruta ao dia.
  • Reduza a ingestão energética excessiva e evite alimentos ricos em açúcares e sal. Resista a comprar aqueles alimentos menos saudáveis. Não tenha a “tentação” em casa!
  • Mantenha, dentro do possível, rotinas e horários. Distribua as refeições ao longo do dia. Evite “assaltos à despensa e frigorífico”.
  • Faça todas as refeições e snacks sentado à mesa e sem distracções, não se envolva noutras actividades enquanto está a comer.
  • Beba pelo menos 1,5 L de água ao longo do dia. Experimente infusões, tisanas, chás ou águas aromatizadas sem adição de açúcar.
  • Crie uma rotina de exercício diária: inclua, pelo menos, 30 minutos de actividade. Se já fazia exercício, adira a aulas online. Se vai iniciar agora, é necessário cautela, pelo que deve solicitar acompanhamento online por um fisiologista do exercício.
  • Levante-se! Faça intervalos activos a cada 30 minutos que passa sentado.
  • Se estiver em regime de teletrabalho, pondere criar uma secretária alta (utilizando uma mesa ou empilhando livros/caixas), para trabalhar alternadamente na posição de pé.
  • Crie tempo em família: desligue a TV e o telemóvel. Envolva os seus filhos em jogos activos.
  • Prepare-se para as emoções difíceis, mas lembre-se que todas as emoções são passageiras. Expresse as suas emoções através da escrita, do desenho, da música, da dança ou ligando a alguém importante para si. Não tente eliminá-las usando a comida.
  • A mente humana tende a ser negativa e catastrófica. Não caia nas armadilhas dos pensamentos do tipo “tudo ou nada” ou “perdido por 100, perdido por 1000”. A vida é feita de contrastes, altos e baixos e surpresas, por isso, mantenha os seus esforços para uma vida saudável.