Alunos do 1.º e 2.º ano podem voltar à escola antes de todos os outros

Desconfinamento deve começar pelos estudantes mais novos devido aos receios sobre os impactos nas aprendizagens do ensino à distância. Aulas no secundário e superior só em Abril.

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daniel rocha

Os alunos do 1.º e 2.º ano devem ser os primeiros a voltar ao ensino presencial. O calendário de desconfinamento está a ser preparado pelo Governo. As preocupações dos responsáveis das escolas e do Ministério da Educação quanto aos impactos do ensino à distância nas aprendizagens destas crianças levam a que a solução seja equacionada. Os estudantes mais velhos, do ensino secundário e do superior, só retomam as aulas presenciais em Abril.

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Os alunos do 1.º e 2.º ano devem ser os primeiros a voltar ao ensino presencial. O calendário de desconfinamento está a ser preparado pelo Governo. As preocupações dos responsáveis das escolas e do Ministério da Educação quanto aos impactos do ensino à distância nas aprendizagens destas crianças levam a que a solução seja equacionada. Os estudantes mais velhos, do ensino secundário e do superior, só retomam as aulas presenciais em Abril.

O regresso ao ensino presencial vai ser gradual, começando pelos alunos do 1.º ciclo. Este princípio já tinha sido estabelecido em Julho, quando o Ministério da Educação apresentou as orientações para este ano lectivo. Nessa altura, tinha ficado definido que, caso a pandemia se agravasse, o ensino secundário transitaria para o ensino à distância em primeiro lugar e as crianças mais novas seriam as últimas a ir para casa. Essa lógica mantém-se agora, mas na ordem inversa.

A novidade pode passar por dividir o momento do regresso às aulas do 1.º ciclo. Os alunos dos dois primeiros anos do ensino básico são os que causam maior apreensão junto dos responsáveis das escolas e do Ministério da Educação. As crianças que entraram este ano na escola estão num momento fundamental da sua aprendizagem e sofrem os impactos mais graves do confinamento. Os professores entendem ser “difícil ensinar a ler e escrever à distância”, explica o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira.

O mesmo princípio aplica-se aos alunos do 2.º ano, que estiveram quatro meses em ensino remoto no ano lectivo anterior e que viram a recuperação iniciada este ano ser interrompida por um novo confinamento. A solução de dar prioridade aos alunos dos dois primeiros anos “faz sentido”, na óptica de Manuel Pereira.

Os directores entendem que seria importante que os alunos do 1.º ciclo voltassem ao ensino presencial ainda no 2.º período. No novo calendário do ano lectivo, as aulas terminam a 26 de Março. O 3.º período começa dias depois, a 5 de Abril, após a pausa da Páscoa, que foi entretanto encurtada. Caso isto aconteça, os colegas do 3.º e 4.º ano voltariam às aulas pelo menos duas semanas depois, prosseguindo o calendário de regresso ao ensino presencial ciclo a ciclo.

Os directores das escolas não têm, no entanto, qualquer indicação do Governo quanto à data de um possível regresso às aulas. O Ministério da Educação não quis avançar pormenores relativos à estratégia de retorno ao ensino presencial.

O regresso às escolas deverá acontecer ao mesmo tempo em todo o país, sem levar em conta o nível de risco de infecção de cada concelho. Essa solução foi praticamente afastada, uma vez que geraria novas situações de desigualdade, que podiam ser especialmente complexas nos anos de escolaridade em que há exames nacionais.

As escolas não têm ainda qualquer indicação do Governo quanto à data de um possível regresso às aulas. Os responsáveis do sector não esperam, porém, que o regresso ao ensino presencial dos alunos do ensino secundário aconteça antes de Abril. Acontecerá o mesmo com o ensino superior, como foi admitido esta segunda-feira pelo presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Sousa Pereira. A “generalidade das universidades” prepara-se para retomar actividades presenciais “com alguma robustez, a partir da Páscoa, e não até lá”, afirmou em declarações à TSF.

O plano de regresso às escolas está esboçado, mas ainda falta definir alguns aspectos, a começar pelo mais central: as datas para a sua execução. No final da reunião com especialistas desta segunda-feira no Infarmed, a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que este ainda “não é o momento de falar de tempos ou de modos” para o desconfinamento. 

Marta Temido confirmou, no entanto, que a reabertura começará pelas escolas, como já antes tinham avançado o ministro da Educação e a ministra da Presidência, em momento diferentes. Tendo o Governo referido várias vezes que o último encerramento que desejaria ter feito era o das actividades escolares, é coerente que se pense que, num processo contrário, também se iniciará o processo pelas actividades escolares”, admitiu a ministra da Saúde.

Notícia actualizada às 11h45 esclarecendo que o ME não adiantou pormenores sobre o desconfinamento.