A esquerda portuguesa preparando um desastre à francesa?

Em 2021, a esquerda portuguesa regressa à estratégia que nos deu duas presidências de Cavaco Silva e uma de Marcelo Rebelo de Sousa.

Calhou-me viver em França em 2002 e assistir de perto a um dos maiores desastres da política europeia contemporânea. Havia nesse ano eleições presidenciais, com a primeira volta marcada para 21 de abril. Recandidatava-se o então presidente Jacques Chirac, principal figura do centro-direita e da direita francesa, e candidatava-se a substituí-lo Lionel Jospin, primeiro-ministro socialista à frente de um governo de “esquerda plural”, que incluía Verdes, Comunistas e Radicais de Esquerda (na verdade um partido de centro-esquerda, social liberal). A maioria de esquerda decidiu não convergir, e cada partido apresentou o seu candidato. Todos eles estimáveis ou mesmo admiráveis: Robert Hue, pelo PCF, um humanista tolerante e aberto; Noël Mamère, pelos Verdes, um histórico do pensamento e da ação ecológica; e a formidável Christiane Taubira, pelos Radicais de Esquerda, que mais tarde viria a ser Ministra da Justiça.

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Calhou-me viver em França em 2002 e assistir de perto a um dos maiores desastres da política europeia contemporânea. Havia nesse ano eleições presidenciais, com a primeira volta marcada para 21 de abril. Recandidatava-se o então presidente Jacques Chirac, principal figura do centro-direita e da direita francesa, e candidatava-se a substituí-lo Lionel Jospin, primeiro-ministro socialista à frente de um governo de “esquerda plural”, que incluía Verdes, Comunistas e Radicais de Esquerda (na verdade um partido de centro-esquerda, social liberal). A maioria de esquerda decidiu não convergir, e cada partido apresentou o seu candidato. Todos eles estimáveis ou mesmo admiráveis: Robert Hue, pelo PCF, um humanista tolerante e aberto; Noël Mamère, pelos Verdes, um histórico do pensamento e da ação ecológica; e a formidável Christiane Taubira, pelos Radicais de Esquerda, que mais tarde viria a ser Ministra da Justiça.