Após 14 queixas, professora acabou por ser morta pelo companheiro

Equipa coordenada por Rui do Carmo olhou para o caso de uma professora de 61 anos, assassinada em 2016 pelo companheiro, e concluiu que a forma como o processo foi conduzido ao longo de dez anos criou um sentimento de impunidade no agressor e de ausência de protecção na vítima.

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Homenagem, em 2017, às mulheres mortas em processos de violência doméstica Manuel Roberto

As queixas sucederam-se ao longo de dez anos e vinham de muitos lados: da vítima, dos seus familiares, de vizinhos, do centro de saúde e dos responsáveis da escola em que trabalhava. Mas nenhuma das 14 queixas, nem o facto de um neto da vítima viver na mesma casa e assistir aos actos de violência recorrente, impediram que a 8 de Janeiro de 2016 a mulher de 61 anos fosse assassinada pelo companheiro. O mais recente relatório da Equipa de Análise Retrospectiva de Homicídio em Violência Doméstica (EARHVD), que olhou para este caso, concluiu que a “condescendência para com o comportamento” do agressor, a “falta de proactividade na investigação criminal” e a “inconsequência da acção judiciária” resultaram na falta de protecção à vítima e no fortalecimento do sentimento de impunidade do agressor.

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As queixas sucederam-se ao longo de dez anos e vinham de muitos lados: da vítima, dos seus familiares, de vizinhos, do centro de saúde e dos responsáveis da escola em que trabalhava. Mas nenhuma das 14 queixas, nem o facto de um neto da vítima viver na mesma casa e assistir aos actos de violência recorrente, impediram que a 8 de Janeiro de 2016 a mulher de 61 anos fosse assassinada pelo companheiro. O mais recente relatório da Equipa de Análise Retrospectiva de Homicídio em Violência Doméstica (EARHVD), que olhou para este caso, concluiu que a “condescendência para com o comportamento” do agressor, a “falta de proactividade na investigação criminal” e a “inconsequência da acção judiciária” resultaram na falta de protecção à vítima e no fortalecimento do sentimento de impunidade do agressor.