Uma parte facto, nove partes fábula

Um pequeno livro assinado por um dos mais importantes historiadores e arqueólogos de África.

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Um dos mais importantes historiadores e arqueólogos de África, François-Xavier Fauvelle DR

Polémico, mas informado e rigoroso, e notoriamente sagaz e convincente. Assim podemos descrever sumariamente este pequeno livro, assinado por um dos mais importantes historiadores e arqueólogos de África, François-Xavier Fauvelle, professor no prestigiado Collège de France. Este volume, como nos chega, pode ainda ser tido por uma edição desfasada no tempo. Primeiro, porque é editado em Portugal onze anos após ter saído em França (ao contrário de Atlas Histórico de África, que coordenou com a historiadora Isabelle Surun, também publicado este ano em português e apenas um ano depois do seu lançamento). Segundo, porque reúne três capítulos publicados entre 1998 e 2002, respondendo a controvérsias e contextos específicos, incorrendo assim no risco de dialogar com interlocutores hoje ausentes e de abordar temas entretanto esvaziados de relevo. De facto, o tema central é hoje relativamente periférico nos espaços público e académico. Falamos do “afrocentrismo”, um movimento ideológico, político e cultural, com ligações à academia, que visa reposicionar África na história “universal”, afirmando, entre outros aspectos, o antigo Egipto como expressão máxima da proeminência global da civilização africana e como matriz obscurecida da civilização europeia (por exemplo, através da egiptização dos deuses gregos). Tal imputação de anacronismo é, contudo, apressada e pouco razoável. Este livro deve ser lido por muitos, com atenção. É útil para compreender o passado, longínquo bem como aquele relativamente recente, oferecendo importantes instrumentos críticos para interrogarmos o presente: por exemplo, os usos da história nos debates políticos contemporâneos.

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Polémico, mas informado e rigoroso, e notoriamente sagaz e convincente. Assim podemos descrever sumariamente este pequeno livro, assinado por um dos mais importantes historiadores e arqueólogos de África, François-Xavier Fauvelle, professor no prestigiado Collège de France. Este volume, como nos chega, pode ainda ser tido por uma edição desfasada no tempo. Primeiro, porque é editado em Portugal onze anos após ter saído em França (ao contrário de Atlas Histórico de África, que coordenou com a historiadora Isabelle Surun, também publicado este ano em português e apenas um ano depois do seu lançamento). Segundo, porque reúne três capítulos publicados entre 1998 e 2002, respondendo a controvérsias e contextos específicos, incorrendo assim no risco de dialogar com interlocutores hoje ausentes e de abordar temas entretanto esvaziados de relevo. De facto, o tema central é hoje relativamente periférico nos espaços público e académico. Falamos do “afrocentrismo”, um movimento ideológico, político e cultural, com ligações à academia, que visa reposicionar África na história “universal”, afirmando, entre outros aspectos, o antigo Egipto como expressão máxima da proeminência global da civilização africana e como matriz obscurecida da civilização europeia (por exemplo, através da egiptização dos deuses gregos). Tal imputação de anacronismo é, contudo, apressada e pouco razoável. Este livro deve ser lido por muitos, com atenção. É útil para compreender o passado, longínquo bem como aquele relativamente recente, oferecendo importantes instrumentos críticos para interrogarmos o presente: por exemplo, os usos da história nos debates políticos contemporâneos.