Um hospital psiquiátrico inaugura o Novo Negócio

Em Paixão Segundo João, um doente mental e o seu enfermeiro dialogam acerca do lugar que ocupam a identidade e as pequenas acções quotidianas — dentro e fora do hospital. Uma encenação de Pedro Lacerda que abre a sala da ZdB em Marvila.

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vera marmelo

Costuma dizer-se que entre as paredes dos hospitais psiquiátricos abundam Napoleões. Ou, por outra, doentes mentais que vivem convencidos de que habitam o corpo e a biografia do militar expansionista francês. O dramaturgo italiano Antonio Tarantino, lembra Pedro Lacerda, nunca terá conhecido nenhum desses Napoleões; mas no seu contacto com estes espaços ter-se-á cruzado com dois ou três homens que acreditavam ser Jesus Cristo. Tarantino dizia ainda que a sua peça A Paixão Segundo João, localizada precisamente num hospital psiquiátrico e assente nas trocas entre Eu-Ele, um doente entregue a esse delírio crístico, e João, o enfermeiro que dele se ocupa, tanto podia ser uma comédia como uma tragédia. Para Pedro Lacerda, que agora encena o texto na inauguração do Novo Negócio (espaço da ZdB dedicado às artes performativas, que se mudou do Bairro Alto para Marvila), de 24 de Novembro até 6 de Dezembro, acredita que esta peça “devia ser uma celebração, uma via-sacra ou um jogo da glória”. Porque neste texto, explica ao PÚBLICO, há “um caminho alternativo para a santidade” e “uma celebração das pessoas que nada são, das pessoas que não têm direito a ser alguma coisa”. “É isso que mais me emociona”, confessa.

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Costuma dizer-se que entre as paredes dos hospitais psiquiátricos abundam Napoleões. Ou, por outra, doentes mentais que vivem convencidos de que habitam o corpo e a biografia do militar expansionista francês. O dramaturgo italiano Antonio Tarantino, lembra Pedro Lacerda, nunca terá conhecido nenhum desses Napoleões; mas no seu contacto com estes espaços ter-se-á cruzado com dois ou três homens que acreditavam ser Jesus Cristo. Tarantino dizia ainda que a sua peça A Paixão Segundo João, localizada precisamente num hospital psiquiátrico e assente nas trocas entre Eu-Ele, um doente entregue a esse delírio crístico, e João, o enfermeiro que dele se ocupa, tanto podia ser uma comédia como uma tragédia. Para Pedro Lacerda, que agora encena o texto na inauguração do Novo Negócio (espaço da ZdB dedicado às artes performativas, que se mudou do Bairro Alto para Marvila), de 24 de Novembro até 6 de Dezembro, acredita que esta peça “devia ser uma celebração, uma via-sacra ou um jogo da glória”. Porque neste texto, explica ao PÚBLICO, há “um caminho alternativo para a santidade” e “uma celebração das pessoas que nada são, das pessoas que não têm direito a ser alguma coisa”. “É isso que mais me emociona”, confessa.