Portugueses concentraram compras entre as 11h e as 13h. Confinamento “muito bem cumprido”

No último fim-de-semana, mais de 80% da população estava em casa a partir das 14h. Deslocações para compras foram mais tardias do que na semana passada, concentrando-se entre as 11h e as 13h.

Fotogaleria

Os portugueses acataram as ordens de recolhimento obrigatório, mas, no último fim-de-semana, as deslocações para fazer compras aconteceram maioritariamente entre as 11h e as 13h, promovendo concentrações nas superfícies comerciais. Estes dados constam de um relatório divulgado esta segunda-feira pela consultora PSE, especializada em ciência de dados, ao PÚBLICO.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os portugueses acataram as ordens de recolhimento obrigatório, mas, no último fim-de-semana, as deslocações para fazer compras aconteceram maioritariamente entre as 11h e as 13h, promovendo concentrações nas superfícies comerciais. Estes dados constam de um relatório divulgado esta segunda-feira pela consultora PSE, especializada em ciência de dados, ao PÚBLICO.

Nuno Santos, director e responsável pelo estudo da mobilidade, explica que, apesar de o confinamento ter sido cumprido, estas medidas apenas significaram um ajuste matinal para as pessoas que habitualmente saem ao fim-de-semana.

Os portugueses estão fundamentalmente a acatar e a cumprir todas as medidas. O confinamento nocturno foi de 98%, algo de extraordinário. Se compararmos as pessoas que saem habitualmente ao fim-de-semana, 83% saíram na mesma. Para se ter uma noção, no dia 7 e 8 de Novembro, antes das restrições, houve 60% da população que saiu à rua. Neste fim-de-semana, foram 50%. Estas deslocações concentraram-se da parte da manhã”, começa por dizer ao PÚBLICO.

Neste fim-de-semana, a ida às compras foi a principal razão para a saída dos portugueses à rua. Em média, foram 29% as pessoas que saíram de suas casas para se deslocarem a uma superfície comercial. Neste fim-de-semana, contudo, registou-se uma alteração no comportamento dos cidadãos: enquanto a 14 e 15 de Novembro, o primeiro fim-de-semana com recolhimento obrigatório, a maioria saiu de casa antes das 10h para realizar compras, este sábado e domingo quase metade (48%) dos portugueses esperaram pelo período entre as 11h e as 13h para o fazerem. Uma concentração que a PSE destaca neste novo relatório.

“As compras foram o principal motivo de saída. Houve uma maior concentração porque, depois da experiência do outro fim-de-semana (a primeira vez em que estiveram perante o recolhimento obrigatório das 13h, o comportamento foi diferente. Quem foi às compras saiu mais tarde e a concentração deu-se num período horário mais pequeno”, revela Nuno Santos. Os dados recolhidos pela consultora mostram ainda que os portugueses deram preferência ao comércio de proximidade, evitando deslocações maiores.

Com o aproximar das 13h, hora limite para a circulação nas ruas, houve um regresso a casa apressado, mostram os gráficos. Entre as 12h e as 14h de sábado, 27% dos portugueses regressaram a casa “apressaram-se a recolher a casa”. Este indicador baixou para 20% no domingo, dado que o nível de recolhimento foi mais acentuado no último dia do fim-de-semana. 

Confinamento abaixo do registado em Abril

Apesar da saída concentrada para o cumprimento de necessidades básicas, a verdade é que muitas pessoas não saíram de casa durante o fim-de-semana.

No sábado, 52% dos portugueses permaneceram nas suas habitações durante todo o dia, com este dado a subir para 62,5% no domingo. Estes números relativos ao confinamento estão ainda longe dos 70% que se chegaram a registar em Abril. Porquê? Nuno Santos responde que o contexto do confinamento na primeira vaga do vírus é completamente diferente, não sendo possível traçar uma comparação directa. 

“Em primeiro lugar, nos meses de Março e Abril, todo o movimento de confinamento – que foi, inclusive, voluntário – foi de grande expectativa e ainda desconhecimento sobre esta realidade [do vírus]. Foi um primeiro impacto e os portugueses contraíram muitíssimo mais a sua mobilidade. Hoje, com medidas muito mais suaves, há outro entendimento e as pessoas ajustam as suas necessidades de mobilidade habituais às restrições gradualmente impostas”, considera o responsável pelo estudo.

O que não muda, conclui, é o cumprimento “integral” das medidas, algo que já se tinha registado na primeira vaga da pandemia. Das deslocações feitas este fim-de-semana, 60,5% foram feitas na proximidade, ou seja, num raio máximo de 20 quilómetros.

A recolha de dados da PSE é feita a partir de uma aplicação em smartphones (com recolha de dados contínua através de monitorização de localização e meios de deslocação via aplicação móvel) e abrange pessoas com mais de 15 anos das regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, litoral norte, litoral centro e distrito de Faro. Para um universo de 6.996.113 indivíduos residentes nas regiões estudadas a margem de erro imputável ao estudo é de 1,62% para um intervalo de confiança de 95%.