Os espaços e a música de Ten Cities (e uma delas é Lisboa)

Projecto que já deu origem a encontros musicais entre agentes europeus e africanos ganhou agora forma de livro. Um roteiro do dinamismo associado aos circuitos da música de dança em cinco centros urbanos da Europa e noutras tantas cidades africanas.

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Uma festa no Lux-Frágil, em Lisboa Luísa Ferreira

Numa altura em que os clubes e outros espaços para experienciar música estão encerrados um pouco por todo o mundo, é lançada uma obra que pretende reflectir sobre a relevância da música e dos lugares que lhe estão associados para a vida colectiva, a transformação social e o dinamismo cultural das cidades.

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Numa altura em que os clubes e outros espaços para experienciar música estão encerrados um pouco por todo o mundo, é lançada uma obra que pretende reflectir sobre a relevância da música e dos lugares que lhe estão associados para a vida colectiva, a transformação social e o dinamismo cultural das cidades.

Chama-se Ten Cities, e mapeia os clubes, os lugares e os sons conectados com as músicas de dança de dez cidades, entre elas Lisboa, dos anos 1960 à actualidade. O projecto lançado pelos Goethe Institute de Berlim e de Nairobi, com edição da Spector Books, engloba cinco cidades europeias e cinco africanas, precisamente, porque o fenómeno não é apenas ocidental. Para além da capital portuguesa, estão representadas Berlim, Nápoles, Bristol, Kiev, Nairobi, Cairo, Luanda, Lagos e Joanesburgo.

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O livro contém inúmeras fotografias e uma vintena de ensaios, de jornalistas, académicos, DJ, musicólogos ou urbanistas, que reflectem sobre a música, a experimentação social, os contextos políticos e os centros urbanos dessas cidades, mostrando como a actividade nocturna e os rituais de dança se tornaram num fenómeno global. No caso de Lisboa, os ensaios são escritos pelo jornalista e crítico do PÚBLICO Vítor Belanciano e pelo jornalista e crítico de música Rui Miguel Abreu.

“Seja em Lagos ou Lisboa, estas manifestações culturais criaram espaços de liberdade que foram e continuam a ser laboratório para imaginar futuras sociedades, misto de experimentação de atitudes e estilos de vida, que muitas vezes acabam por penetrar subtilmente no todo social, determinando o pensamento dominante”, pode ler-se na comunicação à imprensa. Ou, como titulava há semanas, de forma simples, a revista americana W Magazine, Ten Cities explora a relação entre vida nocturna e criatividade. 

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Ao longo dos últimos anos, o projecto teve outros desdobramentos, como a edição de uma compilação, pela inglesa Soundway Records, na qual participaram os portugueses Octa Push e Batida. O projecto congregou 50 músicos, produtores ou DJ das dez cidades, permitindo-lhes cooperar e trabalhar em conjunto, tendo havido também concertos e festas nos diferentes locais onde Ten Cities foi desenvolvido. Para corolário de toda a operação está ainda previsto o lançamento de documentários sobre as cidades visadas.