Como José Mário Branco, temos de continuar a Ser Solidários

Podemos mudar os tempos, mas não mudemos as vontades. Mantenhamos a vontade de lutar por um presente e futuro mais auspiciosos.

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Concerto "Mudar de Vida" na Casa da Música, 30 de Abril de 2007 JORGE MIGUEL GONÇALVES

Há, precisamente, 12 meses, fui acordada por uma chamada telefónica de uma jornalista deste órgão. O intuito? Saber se eu quereria escrever sobre José Mário Branco (JMB). Estremunhada, perguntei: “Mas porquê?!” E, depois, soube.

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Há, precisamente, 12 meses, fui acordada por uma chamada telefónica de uma jornalista deste órgão. O intuito? Saber se eu quereria escrever sobre José Mário Branco (JMB). Estremunhada, perguntei: “Mas porquê?!” E, depois, soube.

Fiquei emudecida, sem coragem para desenhar um só parágrafo que fosse. Recordei o papel educativo que teve na minha cidadania política e pessoal; recordei a oportunidade que tive de aprender mais ao falar com ele; recordei a emoção que foi escutá-lo à guitarra ao vivo e, sobretudo, recordei-me da imortalidade da sua obra.

Hoje, mais do que nunca, o JMB faz cá falta, muita falta. Não obstante, hoje, mais do que nunca, as suas palavras elevam-se: a nossa Inquietação pelos dias que correm, a urgência que existe em Ser Solidário, e a premência da cantiga — que continua a ser uma arma.

Para além da actual conjuntura pandémica, para além da vigente estrutura macroeconómica do mundo, para além da corrente emergência sanitária, os seres humanos, independentemente da cor política — (que, reforço, não tenho) —, têm de se unir contra quem tem vindo a ameaçar a democracia num estado laico e republicano. Sim, estou a falar daquele senhor que não merece nome, tempo, nem espaço de antena. Um senhor que aproveita uma “casa onde não há pão” para ralhar e ficar, ainda assim, sempre sem razão.

Regresso à música para vos trazer um lembrete, na voz do Zé Mário e com letra da Natália Correia: “Dão-nos um bolo que é a história da nossa história sem enredo e não nos soa na memória outra palavra que o medo”. Em Queixa das almas jovens censuradas, percebemos que temos de trilhar o nosso próprio caminho, mas que não podemos ir por aí, pelo atalho mais fácil: o da cessação de direitos básicos, fundamentais e humanos.

Por isso, termino como comecei, com o JMB. Podemos mudar os tempos, mas não mudemos as vontades. Mantenhamos a vontade de lutar por um presente e futuro mais auspiciosos.