Artur do Cruzeiro Seixas: a palavra amor é incendiária

Foi uma das figuras do surrealismo português. Quis ser como os outros. Foi mais livre. O pintor Artur do Cruzeiro Seixas, um dos protagonistas mais importantes do movimento surrealista em Portugal, morreu este domingo, em Lisboa, aos 99 anos. Esta reportagem, feita em sua casa em Vila Nova de Famalicão, data de 6 de Agosto de 2013 e foi a última vez que o PÚBLICO esteve com o pintor. Voltamos agora a publicá-la.

Foto
Cruzeiro Seixas na sua casa de Vila Nova de Famalicão, 2013 Nelson Garrido

A sala tem as persianas corridas a metade; lá fora, Vila Nova de Famalicão com um movimento de cidade a sério. Artur do Cruzeiro Seixas mudou-se recentemente para aqui, para ficar perto do Centro de Estudos do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda, a quem doou o seu espólio e a sua colecção de arte. Enquanto vai falando, imagino a seu lado a sua mãe e o seu pai, com quem viveu até eles morrerem, Mário Cesariny, o insubstituível, e ainda Mário-Henrique Leiria, António Maria Lisboa. Não se pode sobreviver sem continuarmos os diálogos com as pessoas ausentes que amamos. Diz logo que não sabe dizer datas e por isso não há quase datas neste texto. Mas lembra-se de 1949, ano da primeira exposição de Os Surrealistas, o segundo grupo surrealista português ou grupo dissidente, em que participou, e de 1950, quando saiu de Lisboa pela primeira vez, embarcando no Rovuma, fardado de branco.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A sala tem as persianas corridas a metade; lá fora, Vila Nova de Famalicão com um movimento de cidade a sério. Artur do Cruzeiro Seixas mudou-se recentemente para aqui, para ficar perto do Centro de Estudos do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda, a quem doou o seu espólio e a sua colecção de arte. Enquanto vai falando, imagino a seu lado a sua mãe e o seu pai, com quem viveu até eles morrerem, Mário Cesariny, o insubstituível, e ainda Mário-Henrique Leiria, António Maria Lisboa. Não se pode sobreviver sem continuarmos os diálogos com as pessoas ausentes que amamos. Diz logo que não sabe dizer datas e por isso não há quase datas neste texto. Mas lembra-se de 1949, ano da primeira exposição de Os Surrealistas, o segundo grupo surrealista português ou grupo dissidente, em que participou, e de 1950, quando saiu de Lisboa pela primeira vez, embarcando no Rovuma, fardado de branco.