Chuck D: “O que fará Portugal se os Estados Unidos caírem no fascismo? Não é uma questão americana, é uma preocupação global”

Chuck D, líder dos Public Enemy e figura maior do hip hop, teme o totalitarismo tecnológico e acredita que Trump pode conduzir à ditadura. Mas também acredita: na “liderança da energia jovem”, no potencial infinito da cultura, numa luta contínua por dignidade e igualdade. 30 anos depois, Chuck D persiste.

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“Sabíamos o que as pessoas não estavam a fazer. E isso permitiu-nos ser ousados”. Eles sabiam o que não queriam. Não queriam festa enquanto a injustiça continuava a grassar perante os seus olhos. Não queriam integrar-se nessa ilusão a que chamavam sonho americano, principalmente quando, sabiam-no bem, a integração no tal sonho passava por se conformarem, até à quase invisibilidade, às regras emanadas de cima — fingir que se muda para que tudo fique na mesma. Não queriam conforto no entretenimento, não queriam seguir o rumo dos acontecimentos. Queriam ser o próprio acontecimento, uma nova forma de abordar uma nova linguagem — chamava-se hip hop —, queriam alertar e despertar consciências. Sabiam o que não queriam. Foram ousados, polémicos, chocantes, infinitamente inspiradores.