Facebook proíbe posts que põem em causa eleições e remove anúncio de Trump sobre refugiados

O Facebook está a esforçar-se por conter desinformação sobre as eleições, mas mantém que as pessoas têm o direito de ver aquilo que os políticos escrevem.

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O Facebook removeu vários anúncios da campanha de Donald Trump que juntavam refugiados, covid-19 e Joe Biden Leah Millis/Reuters

O Facebook está a esforçar-se por conter desinformação sobre as eleições norte-americanas nas suas plataformas (WhatsApp, Messenger, Instagram e Facebook). Esta quarta-feira, a empresa removeu vários anúncios da campanha de Donald Trump com desinformação sobre o impacto da imigração na pandemia da covid-19 e actualizou as suas regras sobre publicidade política. Promover a ideia de que o sistema democrático é corrupto e fraudulento, e que votar não vale a pena passa a ser proibido ​ as publicações que tentem fazê-lo serão apagadas.

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O Facebook está a esforçar-se por conter desinformação sobre as eleições norte-americanas nas suas plataformas (WhatsApp, Messenger, Instagram e Facebook). Esta quarta-feira, a empresa removeu vários anúncios da campanha de Donald Trump com desinformação sobre o impacto da imigração na pandemia da covid-19 e actualizou as suas regras sobre publicidade política. Promover a ideia de que o sistema democrático é corrupto e fraudulento, e que votar não vale a pena passa a ser proibido ​ as publicações que tentem fazê-lo serão apagadas.

“Isto inclui, por exemplo, chamar a um método de votar de inerentemente fraudulento ou corrupto ou usar casos isolados de fraudes para negar o resultado total de uma eleição”, clarificou Rob Leathern, director de produto no Facebook, num conjunto de publicações no Twitter sobre as mudanças no Instagram e Facebook.

No mesmo dia, a rede social removeu anúncios políticos da campanha de Donald Trump que davam a entender que aceitar refugiados iria aumentar o risco de cidadãos norte-americanos contraírem covid-19. Os anúncios mostravam imagens do candidato democrata Joe Biden a falar sobre pessoas que procuram asilo nos EUA sobrepostas por imagens sobre o novo coronavírus. Na publicação a acompanhar o anúncio, assinada por Trump, lia-se que Biden queria aumentar o número de refugiados da Síria, Somália e Iémen “em 700%” apesar de não existirem provas disto. Apesar de o anúncio estar inactivo, continua a ser possível consultá-lo na Biblioteca da Anúncios da empresa.

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O anúncio continua disponível na Biblioteca de Anúncios do Facebook

Empresa não quer apagar “alto valor noticioso"

A decisão do Facebook de apagar as publicações parece marcar uma mudança na posição da rede social sobre informação falsa escrita por candidatos. Até então, Mark Zuckerberg tem defendido repetidamente que a rede social não deve ter a responsabilidade de moderar o discurso político.

Contactada pelo PÚBLICO, a rede social diz que a eliminação dos anúncios não reflecte uma mudança de opinião. “[Neste caso] rejeitámos os anúncios porque não autorizamos afirmações que dão a ideia que a segurança, saúde e sobrevivência de alguém estão ameaçadas por outras pessoas com base na sua nacionalidade ou estatuto de imigração”, justificou um porta-voz da rede social num email enviado ao PÚBLICO.

Há outros anúncios políticos com acusações sem fundamento de Donald Trump a circular sem problema na plataforma. Por exemplo, uma montagem de Joe Biden com um auricular sem fios no ouvido que alude à ideia que o candidato depende de ajuda externa durante os debates. “Ele recusou uma inspecção auricular”, sublinha Trump na publicação em questão. O anúncio já não está activo, mas deve-se a uma decisão da campanha de Donald Trump (o Facebook diz que não o removeu).

A empresa reforça que, tal como Mark Zuckerberg explicou em Junho, o Facebook não quer apagar conteúdo que tenha um “alto valor noticioso” mesmo que contenha informação que vá contra as políticas da plataforma. “Frequentemente, o discurso de políticos é do interesse público e, tal como órgãos noticiosos informam sobre o que os políticos dizem, nós acreditamos que as pessoas devem poder ver [esse discurso] por elas próprias na nossa plataforma”, escreveu Zuckerberg na altura.

É uma posição que Zuckerberg mantém há anos. “Quando se entra em discussões sobre a liberdade de expressão, caminha-se sobre uma linha ténue”, disse o presidente do Facebook em 2018, ao defender o direito de as pessoas publicarem informação errada na plataforma. Na altura, utilizou publicações sobre a negação do Holocausto como exemplo (e foi fortemente criticado por isso). “Acredito firmemente que o Facebook não deve ser o árbitro da verdade daquilo que as pessoas dizem online”, repetiu em Maio deste ano.

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Os anúncios na Biblioteca de Anúncios

Tal como o anúncio que junta Joe Biden, refugiados e a covid-19, é possível ver todos os anúncios de candidatos políticos na Biblioteca de Anúncios do Facebook que foi criada após o escândalo com a consultora Cambridge Analytica em 2016. 

“[Com a biblioteca] a transparência que as pessoas esperam de nós é completamente possível”, defendeu Nick Clegg, vice-presidente com a responsabilidade de comunicações e assuntos globais do Facebook, numa conferência de imprensa com jornalistas no começo da semana.