Marcelo não fala sobre Costa e alerta para “ajuntamento de 50 mil pessoas” em Outubro, em Fátima

No dia em que o país regressa à situação e contingência, Presidente da República esteve no Porto e deixou avisos relativamente a grandes ajuntamentos.

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Presidente da Repúblcia passeou pela rua de Santa Catarina no Porto LUSA/JOSÉ COELHO

O Presidente da República não quer decididamente pronunciar-se sobre a polémica que envolve o primeiro-ministro por integrar a comissão de honra da candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica e, nesta terça-feira, deixou claro que só pretenderá falar sobre o assunto na reunião semanal de quinta-feira com António Costa.

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O Presidente da República não quer decididamente pronunciar-se sobre a polémica que envolve o primeiro-ministro por integrar a comissão de honra da candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica e, nesta terça-feira, deixou claro que só pretenderá falar sobre o assunto na reunião semanal de quinta-feira com António Costa.

No final de uma visita ao Grande Hotel do Porto, um dos hotéis mais antigos da cidade, e de ter passeado a pé na Rua de Santa Catarina, já quase em clima de pré-campanha para as presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre se já tinha falado com o primeiro-ministro por causa da polémica que se instalou no país e a resposta não se fez esperar: “Sobre essa matéria não tenho neste momento nada a acrescentar (…). Não tenho nada a comentar sobre essa realidade”.

Marcelo foi recordado por um jornalista de que, em 2013, como professor catedrático, integrou a comissão de honra da candidatura do presidente do Sporting Club de Braga e que em 2017, já Presidente da República, recusou o convite para o voltar a fazer. Mas mesmo aí não se alongou em comentários: “Também tenho ideia de que os factos ocorreram no sentido de que em 2013 estava e em 2017 não. De todo o modo, para além disso não tenho nada a dizer, porque tudo o que dissesse seria uma forma indirecta de me pronunciar sobre a questão sobre a qual não me quero pronunciar, porque tudo que eu dissesse seria utilizado num sentido ou noutro, de fazer comparações ou estabelecer diferenças”.

No dia em que o país regressou à situação de contingência por causa da pandemia de covid-19 e com os números de novos casos de infectados a subir, o Presidente falou dos ajuntamentos registados na Festa do Avante! e, mais recentemente, em Fátima e deixou uma nota de preocupação relativamente à peregrinação de 13 de Outubro.

Sobre a Festa do Avante! voltou a dizer que foi mal-entendido quando falou sobre o evento e garantiu que não pôs em causa “nem a competência jurídica da Direcção-Geral de Saúde nem a preocupação do Partido Comunistas Português”. De resto, revelou que esteve em contacto com o PCP e que o partido lhe proporcionou o acesso ao plano de contingência. “Pude ler, examinar e verificar que foi muito grande o cuidado do Partido Comunista Português para cumprir as regras sanitárias. O que eu disse foi outra coisa: uma coisa é isso, outra coisa é a percepção externa que se dá no momento directo. A minha preocupação é que a percepção fosse uma percepção não tão positiva quanto a da DGS e a do PCP”, contou, acrescentando: “Até disse, humildemente, ‘Deus queira que me engane’. Eu não usei essa expressão tradicional de ‘Deus queira’, mas podia”, afirmou em tom de graça, relevando que aquilo que pensou em relação à Festa do Avante! é aquilo que pensa em relação a Fátima e salvaguardou: “Sou um Fatimista”.

Para Marcelo, “reunir 50 mil pessoas no dia 13 de Outubro em Fátima” é uma realidade que o preocupa. “Deus queira que me engane”, atirou, deixando, contudo, claro que a questão que o preocupa não se prende com o incumprimento das regras sanitárias ou que não haja um grande esforço da organização, mas a percepção desse ajuntamento na sociedade. E aproveitou para dizer que “há 400, 500, 600 casos novos [de covid-19] por dia”.