Os matadouros invisíveis

Porque é que a morte, pelo fogo, de mais de meia centena de animais, num canil de Santo Tirso, comove e mobiliza tanta gente e os milhões e milhões de animais mortos diariamente em matadouros não gozam do mesmo benefício da compaixão e da indignação? Por duas razões: porque concedemos direitos e mantemos uma relação afectiva com algumas espécies e não com outras; porque os matadouros são lugares mais opacos, mais submetidos a construções e processos logísticos tornados invisíveis, do que as prisões de alta segurança. A indústria da carne é um modelo de actividade cujo primeiro mandamento é: “Não verás nem saberás o que se faz aos animais”. O consumidor não deverá de maneira nenhuma estabelecer uma relação entre a vaca que num dia está na pastagem e no dia seguinte é servida no prato em bifes.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Porque é que a morte, pelo fogo, de mais de meia centena de animais, num canil de Santo Tirso, comove e mobiliza tanta gente e os milhões e milhões de animais mortos diariamente em matadouros não gozam do mesmo benefício da compaixão e da indignação? Por duas razões: porque concedemos direitos e mantemos uma relação afectiva com algumas espécies e não com outras; porque os matadouros são lugares mais opacos, mais submetidos a construções e processos logísticos tornados invisíveis, do que as prisões de alta segurança. A indústria da carne é um modelo de actividade cujo primeiro mandamento é: “Não verás nem saberás o que se faz aos animais”. O consumidor não deverá de maneira nenhuma estabelecer uma relação entre a vaca que num dia está na pastagem e no dia seguinte é servida no prato em bifes.