Valor acrescentado bruto na silvicultura está em queda há três anos

O valor acrescentado bruto (VAB) na silvicultura diminuiu 3,4% em valor e 1,9% em volume em 2016. Em 2017, recuou 2,3% em volume e 1,0% em valor. Em 2018, cujos números foram divulgados em finais de Junho pelo INE, voltou a cair 2,1% em volume, embora tenha aumentado 5,3% em valor. A cortiça lidera a produção, com 38,2%.

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Pedro Fazeres

É preciso recuar ao ano de 2015 para encontrar uma taxa de crescimento positiva do valor acrescentado bruto (VAB) na silvicultura em Portugal, ou seja, no valor bruto da produção florestal depois de deduzido o custo com matérias-primas e outros consumos no processo produtivo. Daí para cá é só a recuar.

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É preciso recuar ao ano de 2015 para encontrar uma taxa de crescimento positiva do valor acrescentado bruto (VAB) na silvicultura em Portugal, ou seja, no valor bruto da produção florestal depois de deduzido o custo com matérias-primas e outros consumos no processo produtivo. Daí para cá é só a recuar.

Em 2015, antes, portanto, dos grandes incêndios florestais de Junho e Outubro de 2017, as contas económicas deste sector mostravam que o VAB havia registado um aumento nominal e em volume de 5,8% e 3,8%, respectivamente, mantendo, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a tendência de crescimento observada nos últimos anos. E a cortiça liderava, assumindo um comportamento “determinante” na produção silvícola (+9,1% em valor e +6,0 % em volume).

De 2016 para 2017, a superfície florestal ardida aumentou de cerca de 168 mil hectares para 502 mil, respectivamente, e o VAB do sector silvícola começou a regredir. Em 2016, diminuiu 3,4% em valor e 1,9% em volume. Em 2017, caiu 2,3% em volume e 1,0% em valor e, em 2018, recuou 2,1% em volume, aumentando, ainda assim, 5,3% em valor.

Segundo o INE, em 2019, o saldo da balança comercial dos produtos de origem florestal manteve-se positivo em 2,6 mil milhões de euros, que já tinha sido o saldo registado em 2018. Em 2017 e em 2016, o saldo tinha sido de 2,5 mil milhões de euros em cada ano.

Em 2014, de acordo com as contas económicas da silvicultura do INE publicadas em 2016, o saldo da balança comercial dos produtos de origem florestal tinha registado um excedente de 2,6 mil milhões de euros. Ou seja, foi de montante igual ao registado nos anos de 2018 e 2019.

Cortiça, factor de equilíbrio

Além do recuo no VAB da actividade silvícola, que compreende a produção de bens e serviços como a madeira, a cortiça, as plantações florestais e os serviços silvícolas, em particular os serviços de exploração florestal, o INE faz outra nota.

O organismo responsável pelas estatísticas nacionais realça que o aumento nominal da produção da silvicultura em Portugal em 2018 (+8,3%) se deveu, sobretudo, à cortiça (+25,1%) e aos serviços silvícolas (+21,7%). Estes, diz o INE, “mais do que compensaram o decréscimo da produção de madeira (-3,1%), após a elevada oferta verificada no ano anterior, na sequência dos grandes incêndios florestais (de Junho e Outubro de 2017)”.

Olhando retrospectivamente, a cortiça é, na verdade, o grande factor de equilíbrio das contas da silvicultura nacional nos últimos anos. Segundo o INE, em 2017, e apesar da extensão da área ardida nos fogos de Junho e Outubro, “a produção de cortiça não foi muito afectada pelos incêndios, destacando-se o aumento significativo de preços (+9,1%), que mais do que compensou o decréscimo em volume (-2,9%)”.

Por sua vez, em 2016, a produção de cortiça tinha crescido 5,8%. Também em 2015, o comportamento da produção de cortiça (+9,1% em valor e +6,0 % em volume) foi considerado “determinante” para o VAB da silvicultura, que registou nesse ano um aumento nominal de 5,8% e de 3,8% em volume.

No ano anterior, 2014, a produção de cortiça também tinha aumentado 2,6% face a 2013, de acordo com as contas económicas da silvicultura publicadas a 29 de Junho de 2016 referentes àquele ano.

Ainda quanto aos principais resultados da silvicultura de 2018, conhecidos esta em finais de Junho, o INE sublinha que aquele foi o ano que se seguiu aos grandes incêndios florestais de Junho e Outubro de 2017, que derivaram então numa “grande oferta de madeira”.

Daí que, em 2018, a actividade da silvicultura se tenha caracterizado por “volumes inferiores de remoções de madeira para as indústrias de trituração e de fabrico de pellets e um acentuado aumento da produção e do consumo intermédio de serviços silvícolas (onde se destacam, neste período, as operações de limpeza e desbaste de floresta, recolha de sobrantes ou construção de caminhos corta-fogos)”.