Região de Lisboa com 50 vezes mais casos do que a do Porto desde há 20 dias

Desde 6 de Junho que mais de metade dos concelhos da Área Metropolitana do Porto, incluindo o Porto, não registam qualquer novo caso de infecção. Nos últimos 20 dias foram identificados 84 casos na região, 4149 na Área Metropolitana de Lisboa.

Foto
Lisboa é o concelho com mais casos identificados, com 3277 Nuno Ferreira Santos

A região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) ultrapassou na quarta-feira o Norte no número total de casos de covid-19 e a diferença aprofundou-se esta quinta-feira. De acordo com o último boletim da Direcção-Geral da Saúde, LVT contabiliza, desde o início do surto, 17.767 infecções, enquanto o Norte registou 17.372 casos. O crescimento verificado na região da capital deve-se, sobretudo, ao número de novas infecções na Área Metropolitana de Lisboa (AML), que desde 6 de Junho registou perto de 50 vezes mais casos que a Área Metropolitana do Porto (AMP).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) ultrapassou na quarta-feira o Norte no número total de casos de covid-19 e a diferença aprofundou-se esta quinta-feira. De acordo com o último boletim da Direcção-Geral da Saúde, LVT contabiliza, desde o início do surto, 17.767 infecções, enquanto o Norte registou 17.372 casos. O crescimento verificado na região da capital deve-se, sobretudo, ao número de novas infecções na Área Metropolitana de Lisboa (AML), que desde 6 de Junho registou perto de 50 vezes mais casos que a Área Metropolitana do Porto (AMP).

De acordo com os boletins diários da Direcção-Geral da Saúde, dez dos 18 municípios da Área Metropolitana do Porto não registam qualquer novo caso de infecção há 20 dias, com destaque para o Porto, com 1414 casos, Gondomar (1093) e Matosinhos (1292), alguns dos primeiros concelhos a ultrapassar a barreira dos mil casos.

Desde 6 de Junho, foi registado um crescimento de 0,9% nos casos na AMP, com 84 infecções detectadas. A situação é bem diferente na região da capital: desde aquele dia, registou-se na AML um crescimento de 39,6%, que se traduz em 4149 novos casos. Contas feitas, são 49,4 vezes mais infecções do que as detectadas no Porto.

Dos 84 casos identificados na Área Metropolitana do Porto desde 6 de Junho, 37 foram em Vila Nova de Gaia, o concelho com mais casos neste intervalo de tempo. Na Área Metropolitana de Lisboa todos os concelhos têm piores números, com excepção de Alcochete (cinco novos casos), Sesimbra (13 novos casos), Palmela (14 novos casos) e Montijo (27 novos casos).

Só Sintra, o concelho com maior número de novos casos identificados desde 6 de Junho (867), teve dez vezes mais casos detectados desde essa data do que toda a zona do Porto e mais 350 que a totalidade da região Norte (517 novos casos).

Este crescimento faz com que quatro dos cinco concelhos do país com maior número de casos sejam da Área Metropolitana de Lisboa: Lisboa (3277), Sintra (2425), Loures (1720) e Amadora (1546). A concentração de infecções levou a que o Governo tenha definido esta quinta-feira medidas adicionais para a AML, que ficará a 1 de Julho em estado de contingência, e ainda mais restritas para 19 freguesias destes concelhos mais afectados, que vão permanecer em estado de calamidade. O resto do país passa a estado de alerta a 1 de Julho.

Reverte-se assim a situação verificada numa fase mais inicial do surto em Portugal, quando quatro dos cinco concelhos do país com mais casos eram na região Norte, três deles da zona do Porto: além de Lisboa, os primeiros concelhos a chegar aos mil infectados foram Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Gondomar e Braga, que também não apresenta qualquer caso desde 6 de Junho.

Volume de testes não justifica diferenças entre regiões

A Câmara do Porto divulgou esta quinta-feira dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) relativos à testagem que está a ser feita em todo o país, com o objectivo de mostrar que o rastreio “continua a ser feito de forma eficaz e ao mesmo ritmo da região de Lisboa” no resto do país.

“Nas últimas semanas muito se tem falado em Portugal sobre o número de testes para covid-19. No Norte, os cidadãos questionam-se se quando é invocada a quantidade de testes na Região de Lisboa e Vale do Tejo, para justificar os números de infectados, isso quer dizer que no resto do país não há rastreio suficiente”, pode ler-se no comunicado publicado no site da autarquia, no qual a câmara aproveita para realçar os 20 dias do concelho “sem registar qualquer caso positivo em residentes”.

A autarquia liderada por Rui Moreira justifica que, segundo os gráficos do INSA, “o número de testes realizado na região Norte é semelhante ao número de testes realizado na região de Lisboa, não sendo por isso atribuível a descoberta de novos casos à realização de testagem acrescida numa ou noutra região”.

A diferença está, diz a Câmara do Porto, na percentagem de testes que têm resultado positivo: “Na região Norte é agora de apenas 1,2%, enquanto, para uma quantidade semelhante de testes, a região de Lisboa apresenta uma incidência de 5,1% e é a zona do país onde existe maior quantidade de testes positivos relativamente à quantidade realizada.”