Lei de segurança em Hong Kong “matará futuros movimentos” pró-democracia

Com os grandes protestos prestes a fazer um ano, Joshua Wong, um dos mais conhecidos políticos que defendem a democracia no território teme uma repressão como uma nunca se viu em Hong Kong.

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Joshua Wong, ao sair da prisão, em 2019 Reuters/TYRONE SIU

O activista pela democracia em Joshua Wong diz que a nova lei de segurança nacional que Pequim está a impor em Hong Kong não conseguirá parar o actual movimento de protestos, que na terça-feira assinala um ano de grandes manifestações. “Mas matará futuros movimentos democráticos, uma vez que todas manifestações e outros apelos à democracia na cidade serão classificados como tentativas de subversão da autoridade da China”, afirmou Wong, que aos 23 anos é uma das figuras mais mediáticas do movimento pró-democracia em Hong Kong.

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O activista pela democracia em Joshua Wong diz que a nova lei de segurança nacional que Pequim está a impor em Hong Kong não conseguirá parar o actual movimento de protestos, que na terça-feira assinala um ano de grandes manifestações. “Mas matará futuros movimentos democráticos, uma vez que todas manifestações e outros apelos à democracia na cidade serão classificados como tentativas de subversão da autoridade da China”, afirmou Wong, que aos 23 anos é uma das figuras mais mediáticas do movimento pró-democracia em Hong Kong.

Pequim vai tentar criar algo sem precedentes, um órgão de segurança nacional no território, disse Joshua Wong à Lusa. “Um novo corpo policial secreto provavelmente substituirá o Governo e as forças policiais de Hong Kong e prenderá secretamente todos os dissidentes na cidade, exactamente como fizeram com os defensores e dissidentes de direitos humanos na China”.

Por outras palavras, afirmou Wong, que foi um dos líderes do movimento Occupy Hong Kong (a revolta dos guarda-chuvas), em 2014, esta nova lei “serve como uma nova arma para eliminar todas as aspirações democráticas em Hong Kong”.

A lei em causa, aprovada a 28 de Maio, no encerramento da sessão anual do legislativo chinês, proíbe “qualquer ato de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo de segredos de Estado, a organização de actividades em Hong Kong por organizações políticas estrangeiras e o estabelecimento de laços com organizações políticas estrangeiras por organizações políticas de Hong Kong”.

“A nova lei é uma retaliação directa aos esforços internacionais de lobby de Hong Kong no último ano”, disse o co-fundador do partido pró-democracia Demosisto.

Ainda assim, Joshua Wong acredita que a nova lei não vai conseguir parar os protestos na cidade. Diz que é uma lei “ainda pior” do que as emendas propostas à lei da extradição, o rastilho das grandes manifestações que começaram a 9 de Junho de 2019 em Hong Kong e que levaram milhões de pessoas às ruas.

As emendas à lei da extradição, que permitiriam o envio de suspeitos de crimes para a China, caíram após meses de confrontos nas ruas. Assim como em 2003, na primeira tentativa das autoridades de Hong Kong em fazer passar a lei da segurança nacional depois de cerca de meio milhão de pessoas ter-se manifestado contra.

Agora, denuncia Joshua Wong, Pequim decidiu fazer passar a lei da segurança nacional “sem qualquer escrutínio legislativo”. “É previsível que os hongkongers estejam preparados para lutar para proteger as nossas liberdades em fuga, uma vez mais”, sublinhou.

“Peço ao mundo que fique com Hong Kong mais uma vez”, apelou Joshua Wong.