Idosos: quais as orientações para uma alimentação saudável que diminua as consequências de uma infecção?

O envelhecimento aumenta o risco de uma alimentação inadequada. A DGS recomenda por isso uma alimentação equilibrada, com proteína, fruta, legumes e muita água.

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Comer frutas e legumes é uma das recomendações da DGS Daniel Rocha

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgou esta quarta-feira um documento que dá a conhecer aos idosos formas de se alimentarem de forma saudável e equilibrada. Segundo a DGS “a promoção da alimentação saudável nos grupos de risco para a covid-19 é determinante para minimizar as consequências de uma possível infecção”.

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A Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgou esta quarta-feira um documento que dá a conhecer aos idosos formas de se alimentarem de forma saudável e equilibrada. Segundo a DGS “a promoção da alimentação saudável nos grupos de risco para a covid-19 é determinante para minimizar as consequências de uma possível infecção”.

Os idosos são os mais afectados pela covid-19 e os que que apresentam maior risco de desenvolver formas graves da doença. Acima dos 70 anos, a taxa de letalidade é de 16,9%, anunciou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa desta quinta-feira sobre a evolução da pandemia em Portugal.

O documento indica que o envelhecimento “aumenta o risco de uma alimentação inadequada, porque alguns hábitos alimentares podem perder-se ou deteriorar-se”.

Quais são, então, as orientações nutricionais divulgadas pela DGS?

Não prescindir da proteína

A ingestão adequada de proteína é importante para garantir a manutenção da massa muscular. Esta é fundamental para “manter o equilíbrio e mobilidade necessários para continuar a viver de forma activa e independente”.

Deste modo, é necessário assegurar uma fonte de proteína em cada refeição (incluindo os lanches), como por exemplo: carne, peixe, ovos, leguminosas (feijão, grão, lentilhas...) e lacticínios. A DGS aconselha que se inicie a refeição pelos alimentos que são fonte de proteína ou então enriquecer as sopas com carne, peixe ou leguminosas.

Consumir leite

O leite e os seus derivados contêm cálcio, vitamina D e outros nutrientes que garantem a “saúde dos ossos”.

É recomendado consumir duas porções de leite ou derivados diariamente (1 porção de leite = 240 mililitros). Uma boa forma de o fazer é incluir a porção de leite no pequeno-almoço ou lanche, ou ainda adicionar leite ou leite em pó aos cereais de pequeno-almoço, smoothies e batidos.

Comer frutas e legumes

O consumo adequado de fruta e hortícolas pode ser uma fonte de nutrientes que “garantem o normal funcionamento do sistema imunitário e do seu intestino”. Assim, a DGS aconselha o consumo de sopa no início das refeições principais e três peças de fruta por dia. Em caso de falta de apetite, os sumos de fruta podem ser uma opção.

Manter a hidratação

“Uma boa ingestão de água é essencial para o funcionamento do organismo em pleno” indica o documento que explica que o envelhecimento traz com ele a diminuição da sede e consequente risco de hidratação. Por isso, é recomendado que beba oito a dez copos de água ao longo do dia (aproximadamente 2 litros) — no mínimo, deve beber 100 ml a cada quinze minutos.

É importante verificar o estado de hidratação, algo que se pode fazer através da cor da urina — quanto mais transparente mais hidratado está o corpo.

Enriquecer os alimentos

“Nesta fase da vida, a falta de apetite é um dos factores que contribui para uma alimentação inadequada” refere a DGS no documento. Assim, poderá “ser útil enriquecer nutricionalmente as refeições e dar preferência a alimentos com elevada densidade energética e nutricional”.

A DGS recomenda que se façam mais refeições durante o dia – cerca de seis – de forma a não ultrapassar as 3h30 sem comer. Os lanches devem ser “equilibrados, ricos em energia e do ponto de vista nutricional, prontos para consumir ao longo do dia”.

Para enriquecer os alimentos e as refeições é recomendado o uso de:

  • Frutos oleaginosos (nozes, amendoins, avelãs, amêndoas...)
  • Leite gordo, leite achocolatado, iogurte gordo (iogurte grego) ou leite em pó
  • Queijo ralado
  • Manteiga
  • Farinhas de cereais lácteas e não lácteas
  • Sobremesas doces, do tipo arroz doce, leite creme ou pudim
  • Mais azeite do que o habitual
  • Leguminosas na sopa

Consumir menos sal

Algo que preocupa a DGS é o facto de “85% das pessoas a partir dos 65 anos” consumirem “mais sal do que o que é aconselhado”. Consumir sal em excesso está associado a problemas de pressão arterial e riscos de doenças cardiovasculares.

Para evitar o consumo excessivo de sal é aconselhado o uso de ervas aromáticas e especiarias nos temperos, bem como alimentos de origem vegetal como a cebola, alho e alho francês que também acrescentam muito sabor às preparações culinárias.

Reforçar a vitamina D

Numa altura em que os grupos de risco, como os idosos, são aconselhados a ficar em casa, a exposição solar – fonte de vitamina D – fica comprometida. É importante uma exposição à luz solar cerca de 20 minutos por dia, especialmente na face, antebraços e mãos, mas com os cuidados necessários, como a utilização de protecção solar evitando, claro, as horas de maior calor.

A DGS aconselha que se reforce a dieta com recurso a alimentos ricos nesta vitamina, nomeadamente o leite fortificado ou os cereais de pequeno-almoço fortificados.

O documento relembra ainda que existem sinais que mostram que a alimentação está desadequada: 

  • Perda de peso não intencional
  • Diminuição da ingestão alimentar
  • Perda de apetite ou desinteresse pela alimentação
  • Dificuldades de mastigação
  • Dificuldades em ir às compras e/ou cozinhar
  • Perda de força muscular

Todas estas orientações não substituem o aconselhamento profissional por parte de um médico ou nutricionista.