China trabalha com três vírus de morcegos, mas garante que nenhum corresponde à covid-19

O Instituto de Virologia de Wuhan assume que estudou três tipos de coronavirus provenientes de morcegos. Ainda assim, negam as acusações de Donald Trump sobre a proveniência da covid-19.

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Wuhan assume ter trabalhado com vírus, mas não crê que algum deles tenha gerado a pandemia Reuters/POOL

“Pura fabricação”. É esta forma que o Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), na China, define as acusações de Donald Trump acerca da responsabilidade do laboratório na proveniência do novo coronavírus.

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“Pura fabricação”. É esta forma que o Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), na China, define as acusações de Donald Trump acerca da responsabilidade do laboratório na proveniência do novo coronavírus.

À emissora estatal chinesa CGTN, Wang Yanyi, directora do IVW, diz que o instituto obteve muitas amostras de coronavírus de morcegos - uma das suas missões é fazer essa vigilância desde o surto de SARS, em 2002/2003, causado também por um coronavírus novo, com origem em morcegos e que se espalhou pelo planeta, embora fosse menos contagioso - mas mais mortal que o que agora causa a covid-19.

Wang assume que neste momento trabalha com três estirpes de vírus provenientes de morcegos, mas que nenhuma corresponde à que causou a pandemia. “Temos três tipos. A maior compatibilidade com o SARS-CoV-2 é 79,8%” [um valor baixo], disse, numa entrevista transmitida neste sábado.

“O nosso instituto recebeu pela primeira vez a amostra clínica da pneumonia desconhecida a 30 de Dezembro do ano passado. Não tínhamos qualquer conhecimento antes disso, nem nunca tínhamos encontrado, investigado ou mantido o vírus. Na verdade, como toda a gente, nós nem sequer sabíamos que o vírus existia. Como poderia ter saído do nosso laboratório quando nunca o tivemos?”, questionou.

"Vírus poderia ter sido contido com relativa facilidade"

Estas declarações surgem como resposta a Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, que acusou a China de não ter contido o vírus.

“Acho que [o vírus] poderia ter sido contido com relativa facilidade. Acho que eles não conseguiram ou não o quiseram fazer (...) digo que [o vírus] provavelmente fugiu de controlo (...)”, disparou, no final de Abril.

E acrescentou: “Como é que pararam os aviões de entrarem na China e não pararam os aviões de virem para os Estados Unidos ou os países europeus? Olhem para a Itália, vejam o que aconteceu lá. Tivemos sorte que eu apliquei uma restrição à China atempadamente. Se não o fizéssemos iríamos ter um problema como nunca acreditariam. Muitas dessas pessoas [chineses] foram para a Itália. Quero descobrir o que aconteceu e acho que teremos uma conclusão muito forte sobre o que aconteceu. Estamos a trabalhar nisso, mas eles podiam ter parado [o vírus]. São uma nação brilhante, cientificamente e no resto”, afirmou Trump.

Também o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, pediu, no início do mês, uma investigação à possibilidade de o novo coronavírus ter sido transmitido aos humanos a partir de um animal, no mercado da cidade onde são vendidos animais selvagens vivos, a alguns quilómetros de distância das instalações do instituto.