Protecção Civil de Santarém prefere que se limite circulação entre concelhos do que cercar Fátima

Miguel Borges, presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil de Santarém, pede medida de emergência para situação particular. Segundo o também autarca do Sardoal, é mais fácil impedir que as pessoas saiam do concelho do que mandar para trás na chegada a Fátima.

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Comemorações anuais do 13 de Maio em Fátima não contarão com peregrinos daniel rocha

O presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil de Santarém (CDPCS) esclareceu esta quarta-feira as declarações feitas ao Jornal de Notícias, apontando que não quer que seja feito um cerco ao Santuário de Fátima durante os dias 12 e 13 de Maio. Em vez disso, Miguel Borges considera ser “mais prudente” limitar nacionalmente a circulação entre concelhos.

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O presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil de Santarém (CDPCS) esclareceu esta quarta-feira as declarações feitas ao Jornal de Notícias, apontando que não quer que seja feito um cerco ao Santuário de Fátima durante os dias 12 e 13 de Maio. Em vez disso, Miguel Borges considera ser “mais prudente” limitar nacionalmente a circulação entre concelhos.

“O nosso receio não são as cerimónias propriamente ditas, mas sim aquelas pessoas que se vão pôr ao caminho pela proximidade ao santuário”, disse ao PÚBLICO Miguel Borges, que é também presidente da Câmara Municipal do Sardoal, no distrito de Santarém.

Assim, para impedir que pessoas cheguem a Fátima, pede que os fiéis não saiam do seu concelho. O autarca diz que “seria prudente uma medida idêntica” à limitação de circulação entre concelhos que foi imposta no fim-de-semana da Páscoa, já que esta limitação “está perfeitamente definida para as outras ocasiões”. “É só isto, nada mais. Até por uma razão muito simples: se tivermos alguém que se ponha ao caminho, por exemplo, de Bragança, é muito mais prudente e simples que a pessoa possa ser impedida de continuar a viagem dentro do seu concelho do que chegar a Fátima, depois de atravessar todo o país e ser mandada para trás”.

“Por isso, seria muito mais importante, em meu entender, que as medidas passassem não por um cerco a Fátima mas por impedir que as pessoas circulem livremente entre concelhos”.

O presidente da CDPCS acredita que o retrocesso a uma medida imposta no Estado de Emergência “não vai prejudicar ninguém e não podemos ver isto como um prejuízo, mas sim como um investimento na nossa saúde”. Miguel Borges aponta ainda que permitir que as pessoas cheguem a Fátima, encontrando um recinto fechado ao público, não será benéfico para ninguém porque nessa actividade de envolvência podemos ter milhares de pessoas na Cova da Iria durante estes dias e, ainda por cima, sem as estruturas de apoio que normalmente existem nos outros anos”.

Igreja tem tido “uma excelente coerência”

Miguel Borges não acredita que uma solução como os moldes em que foram realizadas as comemorações do 1 de Maio seja viável, pois existem “alternativas” à comemoração presencial do 13 de Maio. Segundo o autarca do Sardoal, “a espiritualidade pode ser feita à distância e aí o reitor e o bispo têm dado excelentes contributos para que as pessoas se sintam bem, se sintam próximas espiritualmente, sem estarem fisicamente próximas”.

O presidente de câmara coloca-se completamente do lado do cardeal António Marto, dizendo que a decisão tomada no dia 6 de Abril de tornar a cerimónia privada foi “muito boa”. E demarca mais o 13 de Maio da cerimónia organizada pela CGTP para o Dia Internacional do Trabalhador.

“Não é pelo facto de ter havido outro tipo de cerimónias, outro tipo de manifestações como entenderem, que agora tem de haver um retrocesso em Fátima e que Fátima possa fazer como outros eventualmente fizeram. Não, a opção é clara, a Igreja tem tido aqui uma excelente coerência, outra coisa não seria de esperar”.

Miguel Borges aproveitou ainda a motivação dada pelo reitor do Santuário de Fátima e por António Marto, tentando tranquilizar quem necessita de ir a Fátima. Não é pelo facto de as pessoas não irem uma vez a um 13 de Maio a Fátima que vão ser menos católicos”.

Segundo o presidente da CDPCS, a prioridade é a saúde das pessoas. A fé, essa, pode ser sempre praticada de outra forma. “Aquilo que se pretende é que as pessoas possam regressar a Fátima cheios de fé, com toda a sua religiosidade, mas também com toda a saúde. É prioritário no meio disto tudo a saúde das pessoas e isto é que deve mover as pessoas. É o que deve mover as montanhas como muitas vezes se diz que a fé deve mover”.

Reitor do Santuário repete: “Os espaços estarão todos inacessíveis”

Em entrevista realizada esta quarta-feira à agência Lusa, o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, repetiu os avisos feitos aos peregrinos, pedindo que ninguém se desloque a Fátima.

“A mensagem que é importante e que as pessoas devem ter presente é que não poderão entrar no recinto de oração, não poderão participar em qualquer celebração e, por isso, não devem vir”.

Carlos Cabecinhas apontou que, “entre a tarde do dia 12 e a hora do almoço do dia 13”, todos os espaços estarão “inacessíveis, incluindo o recinto de oração, que será encerrado”. O reitor acrescentou à Lusa que, mesmo que haja peregrinos que não acatem os pedidos da Igreja e se desloquem na mesma ao Santuário, as autoridades estão prontas a intervir. “Sempre foi assim. Nós respeitamos a sua actuação e articulamos o que tem de ser articulado, que é a parte de vigilância dos nossos espaços”.

Apesar de lamentar com “profunda dor” que Fátima não acolha peregrinos, o reitor do Santuário de Fátima repetiu também a mensagem que a Igreja tem passado: fisicamente, não estará ninguém, mas espiritualmente o Santuário estará cheio. “O santuário estará vazio, mas não estará deserto. Os peregrinos serão os mais presentes na celebração, não temos dúvidas”.