O diabo, politicamente

Salve Satanás?: cumplicidade com as acções de um grupo dirigidas à crescente presença da religião na vida política dos EUA. Esta semana na plataforma Filmin e nos videoclubes dos operadores do cabo.

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Como aquele ponto de interrogação no título sugere, o documentário da americana Penny Lane não trata de um satanismo, digamos, genuíno. Antes, da importação de uma dose considerável do folclore e da linguagem da mitologia satanista para o campo do activismo político na América contemporânea, através de uma associação que se auto-intitula O Templo Satânico. São, naturalmente, grandes provocadores, com algumas acções espectaculares (e por vezes muito divertidas) dirigidas em cheio à crescente presença da religião em assuntos da vida política dos EUA. Servem-se do absurdo, a promoção de um “satanismo” que tem mesmo que levar aspas, para questionarem esse processo, com gestos que vão da performance de rua a elaboradíssimos gags dignos de um sketch dos Monty Python, e levados às últimas consequências burocráticas e políticas — como quando lutaram nos tribunais para, em nome da equidistância religiosa a que o Estado está constitucionalmente obrigado, exigirem a colocação de uma estátua de Baphomet ao lado de uma lápide em homenagem aos Dez Mandamentos que o governador do Oklahoma pretendia erguer nos jardins do Capitólio daquele estado.

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Como aquele ponto de interrogação no título sugere, o documentário da americana Penny Lane não trata de um satanismo, digamos, genuíno. Antes, da importação de uma dose considerável do folclore e da linguagem da mitologia satanista para o campo do activismo político na América contemporânea, através de uma associação que se auto-intitula O Templo Satânico. São, naturalmente, grandes provocadores, com algumas acções espectaculares (e por vezes muito divertidas) dirigidas em cheio à crescente presença da religião em assuntos da vida política dos EUA. Servem-se do absurdo, a promoção de um “satanismo” que tem mesmo que levar aspas, para questionarem esse processo, com gestos que vão da performance de rua a elaboradíssimos gags dignos de um sketch dos Monty Python, e levados às últimas consequências burocráticas e políticas — como quando lutaram nos tribunais para, em nome da equidistância religiosa a que o Estado está constitucionalmente obrigado, exigirem a colocação de uma estátua de Baphomet ao lado de uma lápide em homenagem aos Dez Mandamentos que o governador do Oklahoma pretendia erguer nos jardins do Capitólio daquele estado.