Agentes da PSP podem usar máscaras por baixo das viseiras, mas têm de as pagar

Todos os polícias têm uma viseira de uso obrigatório. Sobre o uso de máscaras em conjunto com as viseiras o Sindicato Nacional da Polícia lamenta que os agentes tenham de as pagar do seu próprio bolso. O Sindicato dos Chefes da PSP diz que a instituição não tem capacidade para substituir as máscaras a cada turno.

Foto
PSP distribuiu apenas uma visiera e uma máscara a cada agente. Nelson Garrido

Os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) estão autorizados a usar máscaras cirúrgicas, mas desde que adquiridas pelos próprios. A autorização chegou via email no dia 16 de Abril, juntamente com orientações sobre o uso das viseiras. Cada agente recebeu uma viseira e a Direcção Nacional da PSP determinou que esta deve ser “equipamento de uso obrigatório e constante pelos polícias”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) estão autorizados a usar máscaras cirúrgicas, mas desde que adquiridas pelos próprios. A autorização chegou via email no dia 16 de Abril, juntamente com orientações sobre o uso das viseiras. Cada agente recebeu uma viseira e a Direcção Nacional da PSP determinou que esta deve ser “equipamento de uso obrigatório e constante pelos polícias”.

E determinou também que, a partir da data do email, “as viseiras devem ser ainda utilizadas mesmo no interior das instalações policiais, em todas as subunidades e serviços, com excepção dos polícias ou civis que trabalhem sozinhos num gabinete”.

Sobre as máscaras o email não podia ser mais claro: “Passa a ser autorizado que os polícias, que assim entendam, utilizem, em serviço, máscaras cirúrgicas adquiridas a título particular pelos mesmos.” Esta última parte vem com um sublinhando.

Acresce que os agentes podem utilizar estas máscaras compradas pelos próprios para sua protecção, mas com regras: “Esta autorização está limitada a máscaras de cores suaves, concretamente de cores azul-claras, verde-claras ou branca, não sendo, portanto, autorizado o uso de máscaras com estampagens ou cores berrantes.” E ainda é dada autorização aos agentes para que utilizem estas máscaras juntamente com a “viseira em serviço operacional ou de apoio à actividade operacional”.

No final de Março os sindicatos já tinham denunciado que os polícias só estavam autorizados a usar máscaras e luvas em determinadas situações e mostraram-se preocupados com o facto de não haver equipamentos de protecção individual do novo coronavírus para todos os agentes. Entretanto, foram distribuídas viseiras. Cada agente recebeu uma viseira e há kits, com uma máscara e um par de luvas, acondicionados em sacos de congelação, mas só podem ser usados mediante requisição com devida justificação, ou seja, não há máscaras cirúrgicas para protecção dos agentes à discrição.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) já emitiu uma norma em que recomenda o uso de máscaras por todas as pessoas que permaneçam em espaços interiores fechados com várias pessoas, como medida de protecção adicional ao distanciamento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratória.

Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), afirmou que desde o início que defende que os polícias devem usar máscaras. “E não são máscaras cirúrgicas, deviam ser no mínimo as FFP2”, explicou, sublinhando que as viseiras não dão garantia de total protecção. “Os polícias devem usar máscaras para protecção em serviço, mas não deviam ter de as pagar”, disse, acrescentando que “não é à toa que os números de infectados na PSP são elevados”.

“Os polícias estão mais expostos do que a população geral”, sublinhou, considerando a situação lamentável.

Carlos Meireles, presidente do Sindicato dos Chefes da PSP, por sua vez, explicou que, quando saiu a autorização para usar as máscaras, a instituição distribuiu uma máscara por cada agente. “O problema é que as máscaras cirúrgicas têm a duração de quatro a seis horas e deviam ser substituídas a cada turno”, afirmou. E acrescentou que “a instituição não tem capacidade para poder substituir as máscaras e que foi por isso que deu autorização para que cada agente pudesse usar as feitas ou adquiridas por si”.

O PÚBLICO já pediu um esclarecimento à Direcção Nacional da PSP sobre esta situação.

Até esta sexta-feira, dia 17 de Abril, a PSP contabilizava 136 profissionais que tiveram um resultado positivo no teste à covid-19.