Covid-19: ministro da Educação brasileiro faz publicação racista a atacar a China

Depois de apagar a mensagem publicada no Twitter, Weintraub disse que pode pedir desculpas se a China enviar mil ventiladores para o seu ministério.

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Abraham Weintraub acusou a China de se beneficiar com a pandemia de coronavírus Reuters/Adriano Machado

A epidemia do novo coronavírus desencadeou mais um incidente diplomático entre o Brasil e a China. Desta vez, o protagonista foi o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que fez uma publicação de teor racista no Twitter acusando o Governo de Pequim de ser responsável pela pandemia.

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A epidemia do novo coronavírus desencadeou mais um incidente diplomático entre o Brasil e a China. Desta vez, o protagonista foi o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que fez uma publicação de teor racista no Twitter acusando o Governo de Pequim de ser responsável pela pandemia.

Uma imagem da famosa banda desenhada brasileira A Turma da Mônica foi usada por Weintraub para atacar as autoridades chinesas por causa da epidemia. Na sua mensagem trocou os “r” por “l”, aludindo a um habitual estereótipo ocidental para retratar asiáticos, aproveitando o facto de uma das personagens da banda desenhada também falar desta forma. “Geopoliticamente, quem podelá sail foltalecido, em telmos lelativos, dessa clise mundial?”, escreveu o ministro.

A mensagem, publicada durante o fim-de-semana, acabou por ser apagada, mas nem por isso deixou de suscitar uma resposta por parte da Embaixada da China em Brasília, que caracterizou as declarações de Weintraub como “absurdas”, “desprezíveis” e de “cunho racista”.

O embaixador chinês, Wanming Yang, pediu uma “declaração oficial” do Governo brasileiro em relação à publicação do ministro da Educação.

Em entrevista na segunda-feira, Weintraub disse não ser racista, afirmando ter amigos chineses, mas não fez qualquer pedido de desculpas. “Vou fazer o seguinte: vou lá, peço desculpa, falo ‘por favor, me perdoem pela minha imbecilidade’, e a única condição que tenho é que, dos 60 mil respiradores [ventiladores] que estão disponíveis, eles vendam mil ao MEC [Ministério da Educação e Ciência], para salvar a vida dos brasileiros, a preço de custo”, disse o ministro.

Não é a primeira vez que uma autoridade brasileira acusou a China de ser responsável pela epidemia de coronavírus. No mês passado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro fez publicações no mesmo sentido, levando a uma resposta indignada da embaixada.