Navio Sagres regressa a Portugal com quarentena feita a bordo

Embarcação interrompeu a volta ao mundo e iniciou a viagem de regresso a Lisboa depois de se abastecer na cidade do Cabo, na África do Sul. A última etapa, entre Cabo Verde e Portugal, demorará mais de 14 dias, pelo que a tripulação não terá de fazer quarenta à chegada a Lisboa.

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Fabio Augusto

A Sagres interrompeu a viagem de circum-navegação devido à pandemia do coronavírus e já está de regresso a Portugal. O ponto de viragem foi a cidade do Cabo, de onde o navio partiu quinta-feira rumo a Cabo Verde, onde fará escala antes de chegar a Lisboa, previsivelmente a 10 de Maio.

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A Sagres interrompeu a viagem de circum-navegação devido à pandemia do coronavírus e já está de regresso a Portugal. O ponto de viragem foi a cidade do Cabo, de onde o navio partiu quinta-feira rumo a Cabo Verde, onde fará escala antes de chegar a Lisboa, previsivelmente a 10 de Maio.

De acordo com o comandante Pereira da Fonseca, porta-voz da Marinha, a probabilidade de algum membro da guarnição estar infectado “é mínima” visto que nenhum apresenta sintomas da doença e a última vez que houve contactos com o exterior foi no porto de Buenos Aires em 3 de Março. Desde então a travessia do Atlântico demorou 24 dias.

A ordem para regressar a Portugal surgiu quando a Sagres se aproximava da África do Sul, tendo, ainda assim, atracado na cidade do Cabo para se reabastecer. Mas essa operação foi planeada para não haver qualquer contacto com pessoal em terra. “Para a atracação todos os cuidados foram tidos em conta para nos prevenirmos de todo e qualquer tipo de contacto com o exterior. Uma coisa é certa, no NRP Sagres todos chegámos saudáveis e é assim quisemos sair de Cidade do Cabo!”, lê-se no diário de bordo da página da Internet do navio.

Depois todo o material e mantimentos embarcados foram desinfectados por uma equipa específica e só depois carregado para o interior da embarcação.

É isso que leva o comandante Pereira da Fonseca a crer que muito dificilmente algum dos 144 elementos da tripulação possa vir a contrair a covid-19. Até Cabo Verde serão cerca de 26 dias de viagem, e depois mais 17 para Lisboa.

Não se sabe como é que a Sagres encontrará Portugal no regresso da sua viagem interrompida à volta do mundo mas, se o abastecimento em Cavo Verde se realizar com os mesmos cuidados que na África do Sul e não houver nenhum tripulante infectado, ninguém terá de ficar de quarenta à chegada ao Alfeite.

A tripulação tem sido informada dos riscos do coronavírus e dos cuidados a ter para se proteger, embora seja difícil dentro da embarcação manter distâncias de segurança. Se algum tripulante mostrar sintomas de gripe, a regra no mar é a mesma que em terra: isolamento.

O navio escola Sagres partiu de Lisboa no dia 5 de Janeiro com o objectivo de regressar no dia 10 de Janeiro de 2021 após ter feito a volta do mundo. A sua missão estava enquadrada no programa das comemorações do quinto centenário da viagem de Fernão de Magalhães e deveria passar por 22 portos de 19 países ao longo de 371 dias. O ponto alto da viagem seria em Tóquio, onde o navio escola iria ser a Casa de Portugal durante a fase inicial dos Jogos Olímpicos, os quais foram também adiados.

A viagem tinha também uma componente científica com a inclusão de dois investigadores a bordo para monitorizar a quantidade de lixo marinho e microplásticos nos oceanos.

O percurso acabou por só contemplar as passagens por Tenerife (Canárias), Praia (Cabo Verde), Rio de Janeiro, Montevideu, Buenos Aires e cidade do Cabo. Durante este fim-de-semana o navio navega ao largo da costa da Namíbia rumo a Cabo Verde.