Helena Vieira, a portuguesa na lista de arquitectas mais influentes do Architizer

Viu dois projectos do seu atelier serem premiados no Architizer nos últimos dois anos — e agora foi a vez dela. Helena Vieira faz parte da lista das 50 mulheres mais influentes da arquitectura, ao lado de nomes como as Pritzker 2020. E adivinha um futuro mais brilhante para as mulheres, num sector onde sempre foram “invisíveis”.

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Helena Vieira

Helena Vieira gostava que só “se falasse de arquitectura — e não de arquitectos ou arquitectas”. Mas, apesar de “estarmos num bom caminho”, ainda não é possível ignorar a questão da igualdade de género, principalmente num sector onde as mulheres sempre existiram “de uma forma muito invisível”. Foi, aliás, por esse motivo que nasceu a distinção agora recebida pela arquitecta de 38 anos: figura na lista das 50 mulheres mais influentes do mundo da arquitectura do site Architizer, um dos mais preponderantes da área.

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Helena Vieira gostava que só “se falasse de arquitectura — e não de arquitectos ou arquitectas”. Mas, apesar de “estarmos num bom caminho”, ainda não é possível ignorar a questão da igualdade de género, principalmente num sector onde as mulheres sempre existiram “de uma forma muito invisível”. Foi, aliás, por esse motivo que nasceu a distinção agora recebida pela arquitecta de 38 anos: figura na lista das 50 mulheres mais influentes do mundo da arquitectura do site Architizer, um dos mais preponderantes da área.

A nomeação foi “uma grande surpresa e uma grande alegria”. “Não há um concurso para fazer parte da lista, não é nada que soubesse que ia acontecer. De repente, fui surpreendida por estar nesta lista ao lado de nomes como Yvonne Farrell e Shelley McNamara, as vencedoras do Pritzker 2020, ou outras tantas mulheres com trabalhos espectaculares”, conta a arquitecta ao P3.

O atelier Plano Humano Arquitectos, do qual é co-fundadora, já tinha sido premiado duas vezes num concurso organizado pelo mesmo site, o Architizer A+Awards: em 2018, o site distinguiu o projecto da Capela de Nossa Senhora de Fátima, em Idanha-a-Nova, e, em 2019, o projecto do edifício Lisbon Wood. “Dentro destes prémios [atribuídos em anos anteriores], o site elege as mulheres e respectivos gabinetes que consideram de destaque na arquitectura da actualidade”, explica. É a única portuguesa que faz parte da lista.

E ambos os projectos fazem parte daqueles que destaca quando olha para a sua carreira. A Capela de Nossa Senhora de Fátima, nascida do desejo de dar ao Centro Nacional de Actividades Escutistas uma capela, insere-se num ambiente rural, que contrasta com o traço sofisticado que a desenha. O Lisbon Wood, uma remodelação de um edifício em Lisboa, utiliza novos materiais, espaços e ligações transformaram um prédio no centro da cidade. A madeira, como já indica o nome do projecto, é protagonista.

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A Capela de Nossa Senhora de Fátima DR/Plano Humano

Mas há mais: o Centro Pastoral de Moscavide, “um edifício de linhas simples, depuradas e leves, autêntico e rude em termos de materialidade”, como descrevem no site do Plano Humano, faz também parte das obras que a arquitecta salienta. Todas têm o cunho do Plano Humano Arquitectos, o atelier fundado em 2008 em conjunto com Pedro Ferreira, sediado em Lisboa.

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O edifício Lisbon Wood DR/Plano Humano

Os dois arquitectos, colegas desde “os 12 ou 13 anos”, fizeram percursos diferentes, mas acabaram por decidir “arriscar e investir num projecto na mesma altura em que se instalou a crise, em 2008. Desde então, têm desenvolvido “projectos de diferentes escalas”. Actualmente estão a trabalhar em “moradias privadas e numa unidade hoteleira de escala média em Portugal”.

Desde 2012, a empresa também trabalha além fronteiras: “Fomos para o mercado angolano e, mais recentemente, estamos também em Cabo Verde com alguns projectos em fase de finalização, nomeadamente a remodelação de agências de um banco.”

A distinção do Architizer traz a Helena, além de “alegria”, um “grande alento” para continuar o trabalho. E também desejos: “A questão da diferença salarial entre homens e mulheres é uma situação que não se pode manter. Bem como questões de progressão de carreira ou a não-atribuição de competências às mulheres por serem mulheres.”

Ainda assim, ressalva, “há cada vez mais mulheres nos quadros — quer seja no ensino, nas instituições ou nos próprios ateliers”. “Acredito que hoje em dia essas distinções se começam a diluir.”