Coronavírus: Carina está em isolamento com os filhos há mais de 40 dias. São dias “surreais”, mas “necessários”

Desde o dia 4 de Fevereiro que os habitantes de Macau são aconselhados a evitar deslocações desnecessárias no território. As escolas mantêm-se fechadas e só deverão reabrir, de forma faseada, a partir do final do mês.

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No início, os filhos inventavam esquemas para tentarem convencer a mãe a deixá-los ir ao parque. Não conseguiram e já interiorizaram a nova rotina. Foto: DR

Carina Ribeiro está há mais de um mês fechada num T2 em Macau com quatro filhos e o marido. São dias "surreais”, conta ao PÚBLICO ao telefone, mas deixa uma mensagem de solidariedade para as famílias portuguesas: só assim foi possível conter a propagação do novo coronavírus na cidade.

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Carina Ribeiro está há mais de um mês fechada num T2 em Macau com quatro filhos e o marido. São dias "surreais”, conta ao PÚBLICO ao telefone, mas deixa uma mensagem de solidariedade para as famílias portuguesas: só assim foi possível conter a propagação do novo coronavírus na cidade.

Já fizeram colagens, pinturas, já jogaram jogos e viram filmes. Começaram por tentar manter os horários normais, mas agora deitam-se tarde e acordam tarde. Entraram em modo de férias. Já passaram 42 dias desde que Macau encerrou os serviços públicos a 4 de Fevereiro, depois de se ter confirmada a décima pessoa infectada com o novo coronavírus no território. Numa medida sem precedentes, também os casinos, que sustentam a economia local, foram encerrados durante 15 dias e as entradas no território bastante limitadas. 

As escolas, que estavam fechadas por causa das férias do Ano Novo Chinês, mantiveram-se fechadas e só agora se anunciam planos para uma reabertura faseada entre o final do mês e o início de Maio. Com quatro filhos em casa  “uma casa pequenina como são as casas de Macau, um T2”  com 14, 9, 6 e 4 anos, Carina Ribeiro explica que já “fizeram muitos desenhos a explicar o que é o vírus” aos filhos, e que eles “inventavam esquemas e planos para ver se conseguiam ir até ao parque em segurança”. Não convenceram a mãe e já interiorizaram a nova rotina.

Entre as crianças, a exigência em relação aos trabalhos da escola não foi a mesma. “É difícil explicar aos mais pequenos porque têm de ficar em casa e porque têm de continuar a estudar, mas a mais velha foi fazendo os seus trabalhos”, conta. Tem um grupo de WhatsApp com a turma de cada um dos filhos, e os professores foram partilhando trabalhos para cada um. 

Após o isolamento das primeiras semanas, e depois de estancados os novos casos na região, Carina começou a sair com os miúdos “dez a 15 minutos no máximo” para apanhar “vitamina D”. A experiência de isolamento foi sendo partilhada também nas redes sociais. “Quanto mais depressa as pessoas fizerem quarentena, ficarem em casa, mais rapidamente este vírus morrerá e podemos voltar à nossa vida normal”, escreveu esta manhã numa mensagem dirigida sobretudo àqueles que agora em Portugal se deparam com as mesmas questões com que ela se debate há quase dois meses. 

Os serviços públicos reabriram entretanto, mas para entrar é preciso preencher uma declaração numa aplicação do governo onde cada um garante que não tem sintomas do vírus nem esteve em locais de risco. 

A vida vai lentamente retomando a normalidade, embora com as recomendações de distanciamento social sempre presentes. Em Macau, toda a gente começou a usar máscara desde muito cedo e isso ainda se mantém. O plano faseado para a reabertura das escolas foi anunciado na sexta-feira, mas um novo caso de infecção com covid-19 registado este domingo poderá obrigar a rever os planos. Trata-se de uma jovem sul-coreana que esteve no Porto e regressou a Macau no sábado.