Cristina Branco leva na boca a negação da fragilidade

Depois da revolução que foi Branco, a cantora fixa a sua nova sonoridade em Eva. A partir de 20 de Março, partilha mais um pouco da sua história, desta vez numa versão mais desabrida.

Foto
Joana Linda

Foi na Dinamarca, num dia de Março de 2006, que Eva nasceu. E nasceu já aos 34 anos, como fotógrafa, e assente em premissas de enunciação simples como “Eva é livre, não precisa de nenhum tipo de validação externa”. Cristina Branco encontrava-se num “momento conturbado da sua vida”, daqueles instantes em que lhe apetecia fugir da sua vida e ser, talvez, outra pessoa, tendo então criado este alter ego que lhe permitia a evasão — nem que fosse no espaço limitado de uma folha de papel e na sua imaginação. Tinha acabado de chegar da Rússia, ia fotografar o Transiberiano pouco depois, em seguida partiria para um concerto em Paris, de onde apanharia um voo para a Namíbia, para depois voltar brevemente a casa, em Portugal, embarcando daí para o Japão. “Basta olhar para esses factos, nem era preciso ler a biografia da Eva Haussman, e percebe-se que a vida era muito complicada naquela altura”, recorda. “Tinha muito trabalho, um filho muito pequeno e era tudo muito difícil. Tinha acabado de sair de um divórcio, continuava a trabalhar com essa pessoa, [de quem se separara], estava sempre doente, o meu filho longe de mim e na mesma a ter de cantar e dar tudo às pessoas.”