Coronavírus: há um movimento a pedir #StayTheFuckHome

Frustrado com as medidas preventivas dos governos — ou a falta delas —, Florian Reifschneider está a incentivar o mundo a fazer quarentena voluntária. O site do manifesto já conta com mais de 500 mil visitas em menos de uma semana.

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Dillon Shook/Unsplash

A etiqueta #StayTheFuckHome tem surgido inúmeras vezes no Twitter e Instagram nos últimos dias. Apresenta-se como um movimento para travar a covid-19, ao promover a quarentena voluntária. No site, o manifesto apresenta uma lista de medidas que as pessoas podem adoptar para minimizar os riscos de infecção. Começa pelas mais simples — como não entrar em pânico ou lavar bem as mãos — e termina com as “mais eficazes na luta contra a pandemia”, como limitar o uso de transportes públicos ao estritamente necessário.

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A etiqueta #StayTheFuckHome tem surgido inúmeras vezes no Twitter e Instagram nos últimos dias. Apresenta-se como um movimento para travar a covid-19, ao promover a quarentena voluntária. No site, o manifesto apresenta uma lista de medidas que as pessoas podem adoptar para minimizar os riscos de infecção. Começa pelas mais simples — como não entrar em pânico ou lavar bem as mãos — e termina com as “mais eficazes na luta contra a pandemia”, como limitar o uso de transportes públicos ao estritamente necessário.

O movimento foi criado por Florian Reifschneider, um engenheiro de software de 29 anos que tem uma empresa em Frankfurt, na Alemanha. Florian tem seguido a evolução do novo coronavírus desde que este surgiu em Wuhan, na China. A sua preocupação aumentou quando os primeiros casos fora da China foram confirmados. Persistentemente, tentou avisar e educar a família, amigos e colegas de trabalho sobre o vírus. “Tem sido complicado porque, geralmente, as pessoas não querem acreditar que um vírus que surgiu algures na China pode realmente afectar as suas vidas ou até apresentar uma ameaça real para si ou para os entes queridos”, explica Florian ao P3, por email.

“Percebi que confiar nos nossos governos para a implementação de medidas preventivas que consigam realmente abrandar a propagação da doença era uma causa perdida”, diz. Por isso, com a ajuda da namorada, Allie, criou o #StayTheFuckHome para tentar combater a pandemia a nível global ao “informar, educar e oferecer às pessoas um guia de acções a tomar”.

Escolheram uma etiqueta “provocadora” para captar a atenção dos leitores: “Qualquer coisa que faça as pessoas pensarem e falarem da nossa iniciativa é melhor do que o que tem acontecido até agora.” A estratégia resultou. Desde que foi criado, a 9 de Março, já foi visitado por mais de 500 mil pessoas e traduzido para várias línguas, incluindo português e italiano.

No escritório da empresa onde trabalha, Florian começou por evitar o toque entre pessoas e há já duas semanas que todos trabalham a partir de casa, evitando os riscos nas deslocações. A sua frustração com a “quase negligente reacção da maioria dos governos” foi crescendo. Florian e Allie estão em quarentena voluntária mas, num país onde já existem mais de 1500 casos, “um grande número de pessoas ainda pensa que este novo vírus é como a gripe” e as medidas preventivas demoram demasiado tempo a ser executadas, afirma Florian.

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Como muitas outras pessoas, Florian tem familiares em maior risco de sofrer consequências severas da doença. A sua maior preocupação não é ser infectado, mas sim infectar outras pessoas. “Devíamos realmente pensar se as nossas inconveniências pessoais são justificação suficiente para colocar em perigo milhões de pessoas que têm um risco maior de sofrer com isto.” A mensagem é que “todas as acções ajudam”, mesmo que não possamos ficar em quarentena. Restringir as viagens ou o contacto social já faz a diferença: #StayTheFuckHome, pede.