Marcos Valle contra a asfixia

O grande “meteorologista” da música brasileira está de volta, político e romântico, baladeiro e groovesco.

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Aos 76 anos, um álbum em que volta a cozinhar a bossa com o (latin) jazz, o funk com o samba e a soul com distinto apuro Jorge Bispo

Quando no passado, Marcos Valle anunciava Sempre como o seu regresso aos terrenos do funk/boogie, a água na boca de quem tem na memória Vontade De Rever Você (81) ou Marcos Valle (83) como algumas das pérolas da música negra brasileira dos anos 70/80 foi muita. A capa, um espantoso e démodé sunset californiano em tom rosa edulcorado, a isso ajudava. A desilusão, essa, viria depois: impecavelmente tocado, Sempre era um disco sem fôlego nem fulgor, riffs e grooves que, soando obviamente bem, se estendiam excessiva e redundantemente ao longo de um trabalho esquemático e relativamente esquecível. Quão diferente é agora  a experiência do ouvinte mal acaba de colocar Cinzento a tocar: um magnífico piano, solene mas luminoso, clássico embora swingado, a abrir caminho para um dos mais interessantes discos a solo de Valle nas últimas duas décadas.

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Quando no passado, Marcos Valle anunciava Sempre como o seu regresso aos terrenos do funk/boogie, a água na boca de quem tem na memória Vontade De Rever Você (81) ou Marcos Valle (83) como algumas das pérolas da música negra brasileira dos anos 70/80 foi muita. A capa, um espantoso e démodé sunset californiano em tom rosa edulcorado, a isso ajudava. A desilusão, essa, viria depois: impecavelmente tocado, Sempre era um disco sem fôlego nem fulgor, riffs e grooves que, soando obviamente bem, se estendiam excessiva e redundantemente ao longo de um trabalho esquemático e relativamente esquecível. Quão diferente é agora  a experiência do ouvinte mal acaba de colocar Cinzento a tocar: um magnífico piano, solene mas luminoso, clássico embora swingado, a abrir caminho para um dos mais interessantes discos a solo de Valle nas últimas duas décadas.