Barómetro: apenas 1% dos gestores aproveitaram apoio para investir no Interior
Em mais de 200 inquiridos, 44% chumba apoios criados em 2018. Um em cada 11 empresários garante que alterações climáticas já afectam competitividade.
Se dependesse do interesse dos mais de 200 gestores portugueses inquiridos pelo Instituto Kaizen, o programa de valorização do Interior, anunciado pelo Governo em 2018, teria os dias contados. Apenas 1% dos auscultados para o barómetro daquele instituto afirma ter investido ou pensa investir por considerar que os apoios ao investimento são “muito atractivos”.
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Se dependesse do interesse dos mais de 200 gestores portugueses inquiridos pelo Instituto Kaizen, o programa de valorização do Interior, anunciado pelo Governo em 2018, teria os dias contados. Apenas 1% dos auscultados para o barómetro daquele instituto afirma ter investido ou pensa investir por considerar que os apoios ao investimento são “muito atractivos”.
A amostra de inquiridos inclui presidentes-executivos (CEO) de todos os sectores económicos e responsáveis das mais importantes empresas portuguesas, algumas delas cotadas em bolsa e membros do principal índice bolsista nacional, o PSI 20.
Há mais 22% de empresários que dão nota positiva aos incentivos, mas tal não foi suficiente para os levar a investir. Já 44% dos auscultados considera que os apoios “não são suficientemente atractivos”. O que não significa que não apostem no negócio fora dos centros urbanos do litoral, já que 15% dos gestores garantem ter investido no Interior mesmo sem recorrer ao programa aprovado em 2018.
O abrandamento económico mundial foi a condicionante mais vezes referida pelos inquiridos (65%), mas o destaque nesta matéria terá de ser as alterações climáticas. Nove por cento, ou um em cada 11 empresários, garante que as empresas já sentem na pele os efeitos dessas alterações e que viram a sua competitividade afectada.
A guerra comercial EUA-China e o acesso ao financiamento são factores mais vezes mencionados (29% e 14%, respectivamente), mas é significativo que as alterações climáticas igualem a taxa de respostas do “Brexit”. A saída do Reino Unido da União Europeia foi igualmente mencionada por 9% dos empresários. O que dá ao fim da relação europeia com um dos principais clientes e fornecedores de Portugal o mesmo peso e importância que as mudanças no clima têm sobre muitas empresas portuguesas.
A adopção das energias renováveis e a prática de uma economia circular foram as duas medidas mais citadas quando se pediu aos gestores para enumerarem as transformações que vão ter de promover para ajudar a cumprir a neutralidade carbónica e o chamado Pacto Verde (Green Deal) proposto pela Comissão Europeia.
A aposta na digitalização teve, segundo o mesmo painel, um impacto moderado no negócio, de acordo com 66% dos inquiridos. Somente 22% dizem que o impacto foi elevado e até há 6% que não sentiram mudanças e outros 6% que nem avançaram com investimentos nessa área.