Número de novas infecções desce. China testa novo medicamento

Foram confirmados dez casos positivos para coronavírus em cruzeiro japonês. O Japão é o segundo país com maior número de infecções, depois da China — no total são 45.

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Trabalhos de desinfecção do espaço público na China Reuters/STRINGER

O número de mortos pelo novo coronavírus voltou a aumentar esta quinta-feira: são 563 mortos só na China (e 565 em todo o mundo). Mas há boas notícias: os testes clínicos a um dos medicamentos que poderão tratar esta doença já começaram.

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O número de mortos pelo novo coronavírus voltou a aumentar esta quinta-feira: são 563 mortos só na China (e 565 em todo o mundo). Mas há boas notícias: os testes clínicos a um dos medicamentos que poderão tratar esta doença já começaram.

O número de novas infecções, no entanto, desceu face às registadas nesta quarta-feira. Também são boas notícias e é a segunda vez que isso acontece: foram 3887 novas infecções na China e 3156 dessas aconteceram e Hubei, o epicentro do surto. No total, há 28.268 casos de infecção. Já pelo menos 1000 pessoas recuperaram da infecção, de acordo com os dados compilados pela Universidade de Johns Hopkins, nos EUA.

Fora da China foram já confirmados 230 novos casos e dois mortos: um em Hong Kong e outro nas Filipinas.

Em Wuhan, os testes clínicos para o medicamento Remdesivir arrancaram esta quinta-feira e envolvem 761 pacientes: 308 deles com sintomas moderados e 453 em condições mais graves. O medicamento, que ainda não foi aprovado em nenhum local do mundo, foi desenvolvido pelos laboratórios Gilead Science, que os disponibilizou de forma gratuita para este teste, informou o Ministério da Saúde chinês, conforme escreve o South China Morning Post.

O Remdesivir foi desenvolvido para tratar o ébola e já tinha sido apontado por um conjunto de investigadores chineses do Instituto de Virologia de Wuhan como um dos medicamentos com melhores resultados no tratamento do vírus. Os resultados foram publicados na revista Cell Research (disponível em inglês também na revista Nature). O primeiro doente com coronavírus nos EUA foi tratado com Remdesivir e o seu estado de saúde melhorou, relataram os médicos que o trataram num estudo publicado na revista The New England Journal of Medicine na semana passada.

Apesar dos testes já terem arrancado, a Organização Mundial de Saúde salienta que “ainda não há terapias eficazes contra este 2019-nCoV”. Por causa disso, vários especialistas vão reunir-se em Genebra, na Suíça, a 11 e 12 de Fevereiro para definir prioridades na investigação e desenvolvimento de medicamentos, diagnósticos e vacinas. O encontro é promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que pediu, na quarta-feira 675 milhões de dólares (cerca de 613 milhões de euros) para aplicar um plano que contenha a propagação do vírus.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, reconheceu que a soma era elevada, mas que é “bastante menor do que a conta que iremos ter se não investirmos na preparação agora”, disse em conferência de imprensa, citado pelo The Guardian.

Em Wuhan, as carências acumulam-se. Hi Lishan, alto responsável na cidade de Wuhan, afirmou que havia uma falta “severa” de camas, para além de materiais adequados para tratar os pacientes.

Dez novos casos de infecção em cruzeiro japonês

Esta quinta-feira o Japão (o segundo país com maior número de infecções, depois da China — no total são 45) confirmou dez novos infectados entre os 3700 passageiros do navio Diamond Princess. Já na quarta-feira foram detectados dez casos, aumentando para 20 o número total de infectados dentro do navio que ainda se encontra no porto de Yokohama, a cerca de uma hora de distância de Tóquio.

Os dez novos casos dizem respeito a quatro nacionais japoneses, dois norte-americanos, dois canadianos, um neozelandês e um taiwanês. De acordo com o ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, cinco dos novos infectados tinham 70 anos, quatro tinham 60 e uma pessoa tinha 50. Todos eles estão a ser tratados em hospitais da zona de Yokohama.

Os restantes passageiros e membros da tripulação deverão permanecer no navio durante os próximos 12 dias, período máximo estimado de incubação do vírus. Desde segunda-feira que ninguém tem autorização para deixar o navio, que está a servir de local de quarentena no porto de Yokohama.

Também um cruzeiro em Hong Kong, o World Dream, está de quarentena depois de pelo menos 33 tripulantes terem desenvolvido sintomas semelhantes aos do coronavírus. Desse grupo, apenas um tripulante não teve um teste com resultado positivo. Dos 3600 passageiros a bordo (que estão de quarentena), pelo menos três tiveram um teste positivo.

Como resposta a estas notícias, Taiwan proibiu todos os cruzeiros de atracar no seu território.

Casinos macaenses vão perder três mil milhões de euros no próximo semestre

Os casinos macaenses vão estar fechados pelo menos durante os próximos 15 dias, devido ao surto do novo coronavírus e esse encerramento pode significar a perda de quase três mil milhões de euros nos próximos seis meses, de acordo com a agência de notação financeira Fitch Rating.

Em comunicado, a agência prevê uma “queda de 50% e de 25% nas receitas no primeiro e no segundo trimestre, respectivamente, em Macau” o que “resulta um declínio agregado de 3,3 mil milhões de dólares (3 mil mil milhões de euro no fluxo de caixa para todas as seis operadoras de Macau”, acrescentou a Fitch. 

A Fitch observou ainda que a queda de quase 80% do número de visitantes na capital mundial do jogo durante a semana do Ano Novo chinês já tinha provocado grandes estragos nas receitas dos casinos. “Antes do surto, Macau estava a gerar cerca de 100 milhões em receita bruta diária de jogos”, indicou a agência, para concluir que o encerramento destes complexos durante 15 dias provocará perdas de 1,5 mil milhões dólares (1,4 mil milhões de euros).